Proposta de aumentar número de ministros do STF busca fazer do Brasil uma Venezuela com o “fio trocado”

 
Ao longo da campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou que Jair Bolsonaro, caso eleito, em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia. Nossa referência a golpe de Estado não remete aos casos clássicos de golpismo, que nos dias atualmente encontram lugar penas no cinema, mas a um modo subliminar de comprometer a democracia aos poucos e de forma quase imperceptível.

No momento em que Bolsonaro tornou-se refém do Centrão, o que há de pior na política nacional, o golpe foi dado sem que boa parte da opinião pública percebesse a manobra. Os seguidos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) disparados pelo chefe do Executivo no decorrer do mandato foram retomados nos últimos dias, sinalizando que o pior está por vir.

Após o primeiro turno das eleições, recebemos diversas consultas sobre o que poderá acontecer no País se Jair Bolsonaro for reeleito. Nossa resposta foi direta e sucinta: o Brasil será uma Venezuela com o fio trocado. Isso porque Bolsonaro, em novo mandato, contará com o apoio da ala direitista da nova legislatura do Congresso Nacional para atropelar a democracia e o Estado de Direito.

Uma das primeiras ações de eventual novo governo Bolsonaro será o aumento do número de ministros do STF. O presidente da República diz que pode recusar tal proposta intenção, mas a proposta tem sido defendida por políticos aliados, entre os quais o vice-presidente Hamilton Mourão, eleito senador pelo Rio Grande do Sul, e por Ricardo Barros, um dos próceres do Centrão e reeleito deputado federal pelo Paraná.

É impossível negar que uma medida dessa natureza, que atenta contra a democracia, é uma reprise do que foi implantado na Venezuela pelo falecido Hugo Chávez e mantido por seu sucessor, Nicolás Maduro. No último sábado (8), o ex-presidente do Novo, João Amoêdo, usou sua conta no Twitter para fazer um alerta em relação à proposta que ganha força nos subterrâneos do governo.

“A proposta, de aliados do governo, de aumentar o número de ministros do STF é um risco grave para a independência dos Poderes. Bolsonaro, se reeleito, indicaria a maioria da Corte. Este foi um dos passos de Hugo Chávez para transformar a Venezuela em uma autocracia”, escreveu Amoêdo.

 
Não demorou muito para integrantes do Novo reagirem à publicação. Em resposta, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) questionou se Amoêdo votará no ex-presidente Lula (PT), adversário de Bolsonaro no segundo turno.

“Você não fez uma menção de apoio ao Felipe D’Ávila do nosso Partido Novo, só o criticou”, escreveu o parlamentar gaúcho. D’Ávila teve 0,47% dos votos válidos no primeiro turno e terminou a disputa pelo Palácio do Planalto em sexto lugar.

“Critica muito Bolsonaro mas faz um mês que não fala do Lula. Além de ajudar o ex-presidiário na campanha, vai votar no PT? Você adora cobrar posição dos outros: e a sua agora?”, indagou van Hattem.

Todo cidadão tem o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mas não se pode fechar os olhos para o risco à democracia brasileira que representa a reeleição de Bolsonaro. Pode-se não concordar com o PT e seus integrantes, mas é inadmissível ignorar o fato de que um novo mandato para Jair Bolsonaro será um completo desastre.

No tocante ao eventual voto de Amoêdo no candidato petista, o deputado gaúcho deveria questionar antes de tudo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, que foi reeleito com os votos de eleitores que no primeiro turno optaram por Lula. O referido voto foi batizado como “Luzema”.

Em relação ao candidato do Novo à Presidência da República, Luiz Felipe D’Ávila, prevaleceu durante a campanha a proposta de uma onda de privatizações sem precedentes. Tanto é assim, que nas redes sociais, após um dos debates entre os presidenciáveis, internautas zombaram de D’Ávila com postagens sugerindo que a alma do eleitor seria privatizada durante a madrugada.

A questão que surge no tabuleiro eleitoral não é decidir entre o Petrolão e o orçamento secreto e as “rachadinhas”, mas defender a integridade da nossa democracia, que há muito vem sendo atacada e ameaçada de maneira torpe.


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