Com receio de ficar isolado no Senado, Moro se junta a Bolsonaro e mira o STF e o Palácio do Planalto

 
Eleito senador pelo Paraná, Sérgio Moro (União Brasil) tem mostrado de forma reiterada que em nome de um projeto de poder a ausência de escrúpulos é mero detalhe. Como sempre afirmamos, o cenário político nacional está longe de ser usina de benemerência, mas o ex-juiz da Lava-Jato parece sentir-se à vontade em meio ao turbilhão de hipocrisia.

O primeiro ato de incoerência para quem, em tese, se dispôs durante algum tempo fazer justiça, foi trair o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que apadrinhou sua chegada à legenda com o objetivo de concorrer à Presidência da República. Sem maiores explicações, Moro acreditou nas promessas do presidente do União Brasil, Luciano Bivar, e mudou de partido.

Não bastasse, o ex-juiz decidiu transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo, na expectativa de concorrer a cargo eletivo pelo mais importante estado da federação. E para tanto tentou ludibriar a Justiça Eleitoral, informando como endereço um hotel da capital paulista. Barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Moro precisou fazer o caminho de volta e se contentar com a possibilidade de ser candidato pelo Paraná.

A traição com Alvaro Dias não cessou e Moro foi eleito senador contra aquele que o recepcionou no universo partidário. Dias não foi reeleito porque a “dobradinha” com Jair Bolsonaro vem desde a reta final do primeiro turno das eleições.

 
Sem saber o significado de vergonha e respeito a si próprio, Moro não se fez de rogado e surgiu no debate da TV Bandeirantes, realizado no último domingo (16), como integrante da “tropa de choque” de Jair Bolsonaro, a quem orientou em temas relacionados a corrupção e a Operação Lava-Jato.

A exemplo do que sempre ressaltamos, no Brasil, assim com em diversas parte do planeta, o exercício da política é um jogo sujo, bruto e desprovido de coerência. Moro se reaproximou de Jair Bolsonaro porque sabe que chegar ao Senado com “a cara e a coragem” significa aceitar o isolamento político. Ciente desse risco, o ex-juiz preferiu garantir apoio dos representantes da extrema direita que foram eleitos em 2 de outubro.

Contudo, os planos de Moro vão muito além do que pode imaginar o incauto de plantão. No caso de Bolsonaro ser reeleito, a possibilidade de Moro ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) não está descartada, pelo contrário. Bolsonaro evita comentar o assunto, mas não nega. Esse cenário mostra que a proposta feita a Moro por ocasião da tentativa de Bolsonaro interferir na Polícia Federal só não prosperou porque seus planos eram maiores naquele momento.

Por outro lado, também no caso de reeleição de Bolsonaro, o ex-juiz da Lava-Jato começa a flertar com eventual candidatura ao Palácio do Planalto em 2026. Como o atual presidente, se reeleito, não poderá indicar alguns dos filhos para concorrer ao cargo, o caminho fica livre para Moro. Porém, não se deve desconsiderar um cenário em que Bolsonaro, se derrotado nas urnas do segundo turno, começar a trabalhar para ser candidato daqui a quatro ano. Isso se não for preso antes.


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