Resultado da eleição presidencial mostra uma sociedade dividida; a Lula cabe a missão de unificar o País

 
Na mais acirrada eleição presidencial da história brasileira, o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República neste domingo, 30 de outubro. Com quase 100% das urnas apuradas, Lula conquistou 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.

Bolsonaro, como sempre, apostou no jogo sujo para reverter um quadro que integrantes da campanha já davam como perdido desde a última quinta-feira. Usou a estrutura do Estado de forma criminosa, como se a máquina estatal fosse propriedade privada.

O presidente determinou ao ministro da Justiça, Anderson Torres, que usasse a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realizar operações policiais nas estradas para dificultar o acesso dos eleitores das regiões Norte e Nordeste às urnas, ou seja, impulsionar a abstenção no processo eleitoral. A estratégia não funcionou, pois o povo brasileiro deu um claro recado nas urnas: é preciso salvar a democracia, que desde 2018 vem sendo ameaçada diária e covardemente.

Diante do resultado da eleição, muito tem se falado que o País está dividido ao meio. Essa não é a interpretação do UCHO.INFO, para quem há, sim, uma divisão, mas não na proporção sugerida pela maioria.

Ao longo de mais de três anos e meio, Jair Bolsonaro fomentou o ódio e a discórdia como forma de preparar o terreno para a reeleição, mas em momento algum se preocupou com a dura realidade enfrentada pela maioria da população. Enquanto o ministro Paulo Guedes, da Economia, destilava teorias absurdas para justificar o fracasso do governo, Bolsonaro transferia a responsabilidade pela tragédia econômica à pandemia do novo coronavírus, que ele classificou como “gripezinha”, e à guerra na Ucrânia.

Percebendo que seu projeto de reeleição poderia desmoronar, o presidente da República atropelou a Constituição Federal, a mesma que diz respeitar, e ignorou a legislação eleitoral para criar benefícios sociais meramente eleitoreiros, cujo intuito era comprar votos.

 
Como sempre afirmamos, e assim continuaremos a fazer, são flagrantemente inconstitucionais as PECs que possibilitaram o aumento temporário do valor do Auxílio Brasil e a criação de benefícios pontuais, cuja validade expira em 31 de dezembro próximo. Aparelhado por Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República preferiu fechar os olhos e fazer ouvidos moucos para os absurdos que desceram a rampa do Palácio do Planalto.

Não fossem essas manobras criminosas do governo, aprovadas no Congresso Nacional à sombra do criminoso “orçamento secreto”, a situação eleitoral de Jair Bolsonaro teria sido muito pior. Com o fim dos benefícios, parte do eleitorado que votou no presidente tende a mudar de lado por questão de sobrevivência pura e simples.

O País precisa ser pacificado com a máxima urgência, uma vez que estamos diante à beira de uma crise socioeconômica sem precedentes. O desafio que se impõe ao presidente eleito Lula não é dos menores, pelo contrário, o que explica a necessidade de existirmos na esteira da pacificação e da união.

Quem tem mais – nos mais distintos campos – terá de descer do pedestal da soberba e da intolerância e olhar para os necessitados. A democracia só existe de fato quando as oportunidades são iguais a todos.

Em que pesem as muitas teorias sobre a divisão da sociedade, o Brasil é um país covardemente desigual, onde o rico ignora a existência da miséria para dela se servir. As manifestações a favor de Bolsonaro que vimos nas redes sociais nos últimos dias comprovaram esse cenário de desigualdade que não pode se perpetuar. Chegou a hora de mudar para valer.

Aos brasileiros, não importando o candidato escolhido, cabe o dever de lutar pela manutenção da democracia e de cobrar aquilo que é de responsabilidade do Estado. Como jornalistas, nós, do UCHO.INFO, estaremos vigilantes e criticando responsavelmente o próximo governo. Ditadura nunca mais, Estado Democrático de Direito sempre!


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