“Amanhã vai ser outro dia”; o amanhã começa hoje

    (*) Waldir Maranhão

    No artigo anterior, publicado dias antes das eleições do segundo turno, afirmei que o Brasil estava diante de um dilema: ir às urnas para escolher entre a civilização e a barbárie.

    Por sorte prevaleceu a civilização, o que significa a retomada do processo de redemocratização. Mesmo que a vitória do agora presidente eleito Lula, que pela terceira vez ocupará o Palácio do Planalto, represente um sopro de alívio, é importante estar atento ao resultado. O triunfo de Lula se deu na reta final do processo de apuração dos votos e por pequena margem, apontando para uma nação dividida.

    A polarização da disputa pela Presidência da República, que permitiu uma descabida divisão da sociedade, não pode perdurar. Reconheço que muitos dos que votaram no atual presidente foram levados pelos benefícios sociais, alguns dos quais terminam em 31 de dezembro, mas é imperioso reunificar o país.

    O anel militar que Jair Bolsonaro levou ao Palácio do Planalto serviu para manter no ar a ameaça de golpe, tese que contraria seu discurso de “jogar dentro das quatro linhas da Constituição”. A desmilitarização da sede do governo tende a começar de imediato, com generais deixando os holofotes lentamente para escapar da porta dos fundos da história.

    Nem todo militar que cerca ou cercou Bolsonaro é movido por ideias absurdas. O melhor exemplo é o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que após o anúncio da vitória de Lula foi às redes sociais para defender o que o petista promete fazer, a começar pela união e pacificação do país.

    Uma eventual vitória de Bolsonaro afundaria ainda mais o Brasil nas águas da insanidade, da intolerância, das ameaças à democracia.

    O resultado da eleição representou a vitória do amor sobre o ódio, da esperança sobre o medo. Vencemos uma guerra!

    A partir de hoje, não é preciso esperar 1º de janeiro, devemos começar o processo de pacificação e unificação do país. É preciso “baixar as armas”, como disse Lula em seu primeiro discurso como presidente eleito.

    É mais do que necessário priorizar o que realmente importa para todos os brasileiros: educação, inclusão e vencer a batalha contra a fome.

    Ninguém foi derrotado, venceu a democracia, cuja retomada só foi possível devido aos votos nordestinos, tão ignorados durante séculos. Se há no Brasil regiões mais desenvolvidas, por certo tem uma parcela nordestina no processo de desenvolvimento, seja direta ou indireta.

    A literal força bruta dos bravos nordestinos ajudou a muitos país afora. De novo entramos em cena para, agora de forma metafórica, carregar o Brasil nas costas na busca pela preservação da democracia, tão achincalhada nos últimos quatro anos.

    É chegada a hora de mudar, mudança essa que deve ser para todos, começando pelo Nordeste, que não mais aceitará ser alijado do desenvolvimento e do progresso social.

    Cantou Chico Buarque em “Amanhã vai ser outro dia”: “Você que inventou esse estado e inventou de inventar toda a escuridão. Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão”.

    (*) Waldir Maranhão – Médico veterinário e ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde lecionou durante anos, foi deputado federal, 1º vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados.

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