Bolsonaro: o fim melancólico de um golpista deprimido e fracassado que fugiu nas asas da covardia

 
Em 2018, durante a campanha presidencial, afirmamos inúmeras vezes que Jair Bolsonaro era, e continua sendo, um golpista nato, incompetente, populista e desprovido de estofo para ocupar cargo de tamanha importância e responsabilidade como o de presidente da República. Como a democracia tem capítulos inexplicáveis, Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto ao longo de quatro anos, período em disseminou o discurso de ódio, incentivou a polarização, isolou o Brasil, ameaçou a democracia em diversas ocasiões e patrocinou o genocídio com seu negacionismo criminoso.

Nesse período, seus apoiadores, por razões óbvias, nos dedicaram ataques e ofensas de toda ordem, mas resistimos mais uma vez para ver confirmados todos os nossos alertas. Derrotado por Lula na corrida presidencial, Bolsonaro adotou um silêncio obsequioso que avançou sem cerimônia no campo da covardia, alimentando os delírios golpistas de sua claque.

A clausura a que se submeteu após a divulgação do resultado da eleição fez de Bolsonaro um ser patético que conseguiu a proeza de, abusando dos paradoxos, mesclar golpismo com inação. Para quem sempre falou em “jogar dentro das quatro linhas da Constituição” para defender a liberdade de expressão, confundida com senha para atentar contra a democracia, a mudez de Bolsonaro é mais um detalhe de sua existência paradoxal.

Quando afirmamos que Bolsonaro nutre desmedido desprezo pela democracia, a qual diz falsamente defender, desde que ao seu modo, fazemos não por divergências ideológicas, mas porque conhecemos a trajetória do político que conseguiu ludibriar parte do eleitorado. Prometeu acabar com a velha política, mostrou-se mais do mesmo.

Ciente de que a partir da próxima segunda-feira, 2 de janeiro, é consistente a possibilidade de ser preso na esteira dos muitos processos judiciais de que é alvo, Jair Bolsonaro – o “imbrochável”, o macho alfa de camelô – preferiu fugir para os Estados Unidos usando a estrutura do Estado brasileiro e o suado dinheiro dos contribuintes. Seguiu o conselho de advogados.

 
Os mesmos conselheiros sugeriram ao fugitivo uma declaração, mesmo que mentirosa, para não ser responsabilizado pelo descontrole daqueles que, acampados diante de quarteis, cobram dos militares um golpe a qualquer preço, objetivando impedir a posse de Lula. Nesse cenário de golpismo explícito, tudo é possível.

O discurso, transmitido pela internet, frustrou enormemente seus apoiadores, que recorreram a palavrões dos mais diversos para criticar o falso salvador da pátria. Bolsonaro adotou uma retórica dúbia, já que criticou os atos terroristas, ao mesmo tempo em que classificou como legítimas as manifestações em frente dos quarteis.

“Nada justifica aqui em Brasília essa tentativa de ato terrorista no aeroporto de Brasília. Nada justifica. Um elemento que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com nenhum cidadão. Agora massifica em cima do cara como bolsonarista o tempo todo. É a maneira da imprensa tratar”, disse.

A “live” de despedida, transmitida a partir do Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira, representou o ápice de um fiasco conhecido por muitos, foi a demonstração de um golpista fracassado que fugiu às pressas para, aproveitando o dinheiro público, sair da cena política e escapar das garras da Justiça.

Na fuga custeada pelos brasileiros, Bolsonaro contou com a companhia da ainda primeira-dama Michele Bolsonaro, que no início da semana havia decidido não viajar com o marido. Quem tomou conhecimento dos detalhes que marcaram os últimos dias no Alvorada consegue avaliar como se deu essa mudança de decisão, pois o clima familiar não foi dos melhores, pelo contrário.


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