Gleisi Hoffmann não é a pessoa mais indicada para cobrar a demissão de um ministro do governo Lula

 
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manter Juscelino Filho à frente do Ministério das Comunicações foi a mais acertada em termos políticos. O fato de Lula não ter se deixado levar pela pressão irresponsável exercida pela presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), foi ainda mais acertada.

Gleisi vinha liderando um movimento de petistas que defendia a saída imediata de Juscelino, acusado de usar recursos públicos para interesses pessoais, no caso um leilão de cavalos de raça no interior de São Paulo. Ao se reunir com Lula, o ministro apresentou comprovante da devolução das diárias, pagas indevidamente pela pasta, e justificou a viagem a São Paulo com a participação em compromisso oficial.

Como sempre afirmamos, a política não oferece espaço para coincidências, muito menos para a coerência. Tudo é feito de forma premeditada e à margem do universo da coerência. Não se trata de defender Juscelino Filho, pelo contrário, mas de garantir ao acusado o benefício da dúvida e o direito da ampla defesa, algo que Lula sabe o quanto é importante.

A insistência da presidente do PT para que Juscelino Filho pedisse demissão é descabida, se considerarmos o que aconteceu no segundo governo Lula. Em 2007, o então ministro dos Esportes, Orlando Silva, viu-se em envolvido em uma polêmica por mau uso do cartão corporativo do governo.

Atualmente exercendo mandato de deputado federal pelo PCdoB de São Paulo, Orlando Silva utilizou, em 2007, o cartão corporativo para comprar uma tapioca no valor de R$ 8,30, em Brasília. Como o cartão corporativo só pode ser utilizado para despesas fora do Distrito Federal, Silva foi obrigado a devolver o valor aos cofres federais, a exemplo do que fez Juscelino Filho em relação às diárias pagas indevidamente.

Além da polêmica da tapioca, Orlando Silva foi acusado de usar o cartão corporativo para pagar despesa de hospedagem no valor R$ 20.112,00 (valor da época) no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde esteve hospedado em um final de semana com a mulher, a filha e a babá. Na ocasião, o ministro alegou que a presença da esposa foi necessária para seguir o protocolo da agenda oficial que cumpriu no Rio de Janeiro. Mesmo assim, Orlando Silva não deixou o Ministério dos Esportes por conta do uso indevido do cartão.

 
Gleisi e o assessor pedófilo

Se há na política brasileira pessoas desprovidas de moral para cobrar a demissão de ministros, uma delas é Gleisi Hoffmann, que mesmo sabendo que Eduardo Gaievski era investigado pelo Ministério Público do Paraná por pedofilia, nomeou-o para cargo de assessor especial na Casa Civil.

Ex-prefeito de Realeza, no sudoeste do Paraná, Gaievski não foi preso no Palácio do Planalto por policiais paranaense porque foi informado com antecedência sobre a movimentação dos agentes de segurança. O ex-assessor de Gleisi foi condenado em um dos processos a 18 anos de prisão por estupro de vulnerável, estupro presumido e estupro qualificado.

De posse de informação privilegiada, Gaievski conseguiu escapou dos policiais, mas acabou preso na fronteira do Paraná com o Paraguai, para onde supostamente pretendia fugir. Apesar das muitas e incontestáveis provas juntadas aos processos penais (dezessete ao todo), Eduardo Gaievksi teve, no primeiro momento, a filiação ao PT suspensa.

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Se o pedófilo protegido por Gleisi Hoffmann foi alvo de condescendências por parte dos “companheiros”, por qual razão Juscelino Filho deveria pedir demissão apenas e tão somente porque essa era o desejo da presidente do PT?

Nós, do UCHO.INFO, sempre defendemos que na política deve prevalecer o dito popular sobre Pompéia Sula, segunda esposa do imperador Júlio César, que para os romanos de então deveria não apenas ser honesta, mas parecer honesta. Infelizmente, na seara da política nacional esse dito não se aplica de forma alguma, até porque o tal presidencialismo de coalizão surgiu para institucionalizar falcatruas.

Vale lembrar que o UCHO.INFO foi o único veículo da imprensa brasileira que noticiou se descanso o escândalo envolvendo o assessor pedófilo de Gleisi Hoffmann.


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