Preocupação, planejamento e detalhes antecederam o retorno do golpista Jair Bolsonaro ao Brasil

 
Após três meses refugiado na cidade norte-americana de Orlando, no estado da Flórida, Jair Bolsonaro retornou ao Brasil na manhã desta quinta-feira (30). Alvo de vários inquéritos, inclusive os que apuram o escândalo das joias sauditas, Bolsonaro, no primeiro momento, avaliou a possibilidade de desfilar em carro aberto desde o Aeroporto de Brasília até sua casa na capital federal, mas acabou desistindo da ideia.

Um dos motivos para essa desistência foi o fato de que abusar do populismo barato na semana em que o País chegou à trágica marca de 700 mil mortos pela Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus e que foi criminosamente alvejada pelo negacionismo torpe do então presidente. O almejado desfile pelas ruas de Brasília faria com que pecha de genocida voltasse à cena com mais força.

Bolsonaro retorna ao Brasil no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades para cumprir as principais promessas de campanha, problema decorrente da desastrada política econômica do governo anterior, que durante quatro anos esteve sob o comando de Paulo Guedes, o tal “Posto Ipiranga”.

Até a noite de terça-feira (28) havia dúvida sobre o retorno de Bolsonaro ao Brasil, dúvida que era alimentada inclusive por pessoas próximas ao ex-presidente. O temor girava em torno da possibilidade de o ex-chefe do Executivo ser preso no escopo de algum dos inquéritos de que é alvo. Com essa possibilidade descartada, pelo menos por enquanto, o golpista voltou ao País, sendo recepcionado por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e por correligionários e integrantes da turba bolsonarista.

 
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Ainda em solo americano, Bolsonaro disse que, chegando ao País, não lideraria a oposição ao governo Lula, destacando que a direita brasileira não é irresponsável. Entre o que diz o ex-presidente e a realidade dos fatos há uma incontestável diferença. As investidas contra o Estado Democrático de Direito ao longo de quatro anos e os atos golpistas de 8 de janeiro colocam por terra o falso messianismo de Bolsonaro.

Caso deixasse o retorno ao Brasil para os próximos dias, Jair Bolsonaro enfrentaria alguns dilemas de calendário. O primeiro deles é que a Polícia Federal marcou para 5 de abril o depoimento de Bolsonaro no âmbito da investigação sobre as milionárias joias sauditas.

O segundo dilema envolveu um eventual retorno na sexta-feira, 31 de março, dia em que no ano de 1964 ocorreu o golpe militar que levou o Brasil a uma ditadura truculenta e facinorosa. Considerando que Bolsonaro é um defensor ferrenho da ditadura militar, tendo, inclusive, homenageado o torturador-geral da República Carlos Alberto Brilhante Ustra, uma chegada nesse dia poderia ser interpretada como provocação.

O último dilema surgiu na possibilidade de retorno ao Brasil no final de semana, quando apoiadores poderiam comparecer em maior número no Aeroporto de Brasília. A grande questão é que sábado é 1º de abril, conhecido nacionalmente com Dia da Mentira. Como a política não abre espaço para coincidências…


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