Datafolha: 80% dos entrevistados entendem que Lula age corretamente ao criticar taxa de juro

 
Na esteira do “cabo de guerra” que contrapõe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central (BC), a maioria dos brasileiros acredita que o petista está com a razão.

Para 80% dos brasileiros, Lula age bem ao pressionar o BC para baixar a taxa básica de juro, a Selic, mostra uma pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na noite de domingo (2). Para outros 16% dos entrevistados, o chefe do Executivo age mal.

O levantamento também mostra que 71% dos entrevistados acham que a taxa básica de juro – atualmente em 13,75% ao ano –, está mais alta do que deveria. Desses, 55% acreditam que está muito mais alta do que deveria, enquanto 16% entendem estar um pouco mais alta.

Desde que assumiu o terceiro mandato, Lula vem fazendo críticas à alta taxa de juro e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo em fevereiro de 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro.

O principal objetivo da política de juro do BC é controlar a inflação. Desde fevereiro de 2021, a instituição tem autonomia em relação ao governo, o que significa que Lula não pode demitir seu presidente ou diretores, que têm mandatos de quatros anos.

Maior apoio entre os pobres

O apoio às críticas de Lula à elevada taxa de juro é maior entre os mais pobres. Entre os que ganham até dois salários mínimos, 85% afirmam que o presidente está correto em pressionar o BC, quase o mesmo percentual no universo dos brasileiros com até o ensino fundamental (84%) e um pouco menor que entre os desempregados e os que estão sem procurar emprego (91%).

Entre os que discordam de Lula, o percentual é de 24% entre os brasileiros com ensino superior e 28% entre os empresários. Mesmo entre os eleitores de Bolsonaro, a Selic está mais alta do que deveria (77%).

O Datafolha entrevistou 2.028 pessoas em todo o Brasil, nos dias 29 e 30 de março, em 126 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Autonomia do BC

Campos Neto é o primeiro presidente do Banco Central após a Lei Complementar nº 179, que instituiu a autonomia na presidência da autarquia federal. O mecanismo estabelece mandatos de quatro anos para presidente e diretores do BC, com o objetivo de blindá-los contra eventuais intervenções por parte do Executivo na definição da Selic e no controle da inflação.

 
Definida pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, a Selic está no patamar atual desde agosto de 2022. Em 23 de março, Lula voltou a criticar Campos Neto após o Copom ter decidido, pela segunda vez no atual governo, manter a taxa em 13,75% ao ano.

“Eu digo todo dia: não tem explicação para nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação”, afirmou Lula.

As pressões de Lula sobre Campos Neto para reduzir a Selic transferem ao BC a responsabilidade por um provável baixo crescimento econômico neste ano (0,9%), de acordo com o último Boletim Focus. Já analistas políticos apontam para uma proximidade do atual presidente do BC com Bolsonaro que causa desconforto no atual governo.

Nesta segunda-feira (3), Lula afirmou acreditar que o Brasil crescerá neste ano mais do que o estimado pelos analistas do mercado financeiro, cujas projeções baseiam o Boletim Focus.

“Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando que vá acontecer. E vai depender muito, mas muito da disposição do governo”, disse o presidente.


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.