Ucrânia refaz convite a Lula para visitar Kiev e conferir “in loco” a guerra no país

 
O governo da Ucrânia convidou novamente nesta terça-feira (18) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para visitar a Ucrânia. Em mensagem publicada no Facebook, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko, confirmou o convite para o governante brasileiro ir ao país para “compreender as reais razões e a essência da agressão russa e suas consequências para a segurança global”.

No mesmo texto, o ucraniano ressalta que “a Ucrânia observa com interesse os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a guerra. Ao mesmo tempo, a abordagem que coloca a vítima e o agressor na mesma escala (…) não corresponde à situação real”.

A publicação ocorre após a repercussão negativa das declarações do brasileiro sobre o conflito na Ucrânia. No último sábado (15), ao final de sua visita à China, Lula afirmou que os Estados Unidos deveriam parar de “incentivar a guerra” na Ucrânia e que a União Europeia, por sua vez, deveria “começar a falar de paz”. No domingo (16), em visita aos Emirados Árabes, Lula voltou a acusar os Estados Unidos e a Europa de prolongarem a guerra em solo ucraniano.

“A paz está muito difícil. O presidente Putin não toma iniciativa de paz, o presidente Zelenski não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”, afirmou o petista.

O petista também voltou a acusar a Ucrânia de ter participação no início do conflito. “A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”, disse Lula, durante coletiva de imprensa.

Em maio do ano passado, quando ainda era pré-candidato às eleições presidenciais, Lula já havia dito algo semelhante em uma entrevista à revista americana “Time”, ao afirmar que Zelenski é “tão responsável quanto Putin” pela guerra na Ucrânia.

 
Matérias relacionadas
. Lula delira ao culpar EUA e Europa pela guerra na Ucrânia e cobrar de Kiev recuo para o fim do conflito
. Guerra na Ucrânia: visita oficial de Lavrov coloca em xeque neutralidade do Brasil diante do conflito
. União Europeia e Estados Unidos rebatem declarações de Lula sobre guerra na Ucrânia

“Ucrânia não precisa ser convencida de nada”

“A Ucrânia não precisa ser convencida de nada. A guerra está sendo travada em solo nacional, causando sofrimento e destruição incalculáveis. Mais do que ninguém, estamos empenhados em acabar com a agressão russa com base na proposta de paz formulada pelo presidente [Volodimir] Zelenski”, escreveu Nikolenko.

O ucraniano encerra o texto reiterando o convite para que Lula visite o país e veja a situação no local.

Zelenski já havia convidado o brasileiro para visitar Kiev, durante uma conversa por videoconferência em março. Na ocasião, o petista disse que aceitaria o convite em momento oportuno.

Críticas da UE e dos EUA

Nesta segunda-feira, a Comissão Europeia e a Casa Branca rejeitaram as críticas de Lula ao papel da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos na guerra na Ucrânia. “Não é verdade que os EUA e a UE estejam ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal, uma violação da Carta das Nações Unidas”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para Negócios Estrangeiros e Políticas de Segurança, Peter Stano.

O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, acusou Lula de “papaguear” propaganda russa e chinesa sobre a guerra e disse que o petista estaria “simplesmente mal orientado”.

“É profundamente problemático como o Brasil abordou essa questão de forma substancial e retórica, sugerindo que os Estados Unidos e a Europa de alguma forma não estão interessados na paz ou que compartilhamos a responsabilidade pela guerra”, disse Kirby.

A viagem ao Brasil do ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, contribuiu para aumentar o mal-estar com os aliados da Ucrânia. Ele se reuniu com seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira, na segunda-feira em Brasília, quando agradeceu o governo brasileiro pelo que chamou de “compreensão da gênese da situação na Ucrânia” e disse que “as visões de Brasil e Rússia são únicas em relação aos acontecimentos na Rússia”. (Com agências internacionais)


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.