Lula erra ao exaltar o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, durante recepção em Brasília

 
Reiterando o que afiramos em matérias anteriores, o novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ser um ato de redenção, tamanho estrago proporcionado pelos escândalos de corrupção e por usa indevida prisão, já que não havia provas para condená-lo, como admitiu o então juiz Sérgio Moro, hoje senador da República. Condenar com base em indícios é típico de ditaduras.

Lula defende a tese de que foi perseguido pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, que não tinha competência para julgá-lo, muito menos para condená-lo. Sabem os leitores que o UCHO.INFO é intransigente crítico da incoerência que reina na política brasileira, por isso rejeitamos as declarações de Lula durante encontro com o ditador venezuelano Nicolás Maduro.

Maduro, que há oito anos não visitava o Brasil, foi recebido por Lula com direito a exaltações descabidas. Ditador venezuelano está em Brasília para participar do encontro de líderes da América do Sul. À exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta sérios problemas políticos locais, 11 chefes de Estado confirmaram presença.

Manter a Venezuela isolada no continente é um erro, pois o vizinho país enfrenta uma tragédia econômica e social sem precedentes, cenário que pode ser amenizado com comércio bilateral, começando pelo fornecimento de produtos de primeira necessidade para o povo venezuelano. Não obstante, a fronteira entre Brasil e Venezuela é de aproximadamente 2 mil quilômetros.

O presidente Lula errou e exagerou ao afirmar que o encontro com Maduro é um fato histórico, como se o líder venezuelano fosse entusiasta da democracia. O petista também errou ao dizer que Nicolás Maduro precisa mudar a narrativa para que o resto do planeta consiga enxergar a Venezuela com outros olhos.

 
“Cabe à Venezuela mostrar a sua narrativa para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opinião. É preciso que você [Maduro] construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles têm contado contra você. Está nas suas mãos construir a sua narrativa e virar esse jogo, para que a gente possa vencer definitivamente, e a Venezuela voltar a ser um país soberano, onde somente seu povo, por meio de votação livre, diga quem é que vai governar esse país”, afirmou Lula.

Como cidadão, Lula tem o direito à livre manifestação do pensamento, inclusive podendo exaltar o regime venezuelano, mas como chefe de Estado não tem o direito de creditar a determinada narrativa a reação negativa de muitos países diante do autoritário e truculento regime de Caracas. Isso sugere um misto de devaneio e irresponsabilidade, sem contar que durante a campanha o petista defendeu a democracia.

Maduro não apenas governa ao arrepio da lei, mudando a legislação de acordo com seus interesses, mas persegue os adversários e usa uma malta de sicários contra a parcela da população que lhe faz oposição.

A Venezuela vive um modelo ditatorial que recrudesceu após a morte de Hugo Chávez e com a chegada de Maduro ao Palácio de Miraflores, sede do Executivo local. Além disso, o tiranete venezuelano age com conhecida truculência contra aqueles que ameaçam sua permanência no poder.

Por outro lado, agiram com a mesma irresponsabilidade de Lula as autoridades brasileiras que reconheceram Juan Guaidó como presidente da Venezuela, após o parlamentar se autodeclarar chefe do país.

Ademais, o restabelecimento das relações diplomáticas com a Venezuela permite ao Brasil cobrar do governo de Caracas uma dívida de US$ 1 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, criará um grupo de trabalho para consolidar a dívida do país caribenho e reprogramar o pagamento.


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.