A Organização das Nações Unidas (ONU) documentou 77 execuções sumárias de civis detidos arbitrariamente pela Rússia nos territórios ocupados na Ucrânia desde o início da sua invasão em grande escala, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (27) pelo Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU. No total, foram documentados 864 casos de detenção arbitrária pelas forças russas.
“As Forças Armadas russas, as autoridades policiais e penitenciárias praticaram atos de tortura e maus-tratos generalizados contra detidos civis”, diz o relatório, apresentado em Genebra. A investigação cobre o período entre 24 de fevereiro de 2022, quando começou a invasão russa, e 23 de maio deste ano.
Com 36 páginas, o documento foi baseado em 70 visitas a centros de detenção e mais de mil entrevistas.
O relatório foi apresentado pela chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner, e indica que em 91% dos casos os detidos afirmaram ter sofrido tortura e maus-tratos, incluindo violência sexual. Entre as vítimas há crianças e idosos.
O relatório também documenta 75 possíveis casos de detenção arbitrária de civis pelas forças de segurança ucranianas, que foram mantidos muitas vezes incomunicáveis para forçar confissões.
Russos não cooperam
O escritório chefiado pelo alto comissário Volker Türk ressaltou que, enquanto a Ucrânia colaborou com sua instituição, fornecendo acesso totalmente livre – mas confidencial – a detidos (com exceção de 87 marinheiros russos detidos perto da fronteira romena), a Rússia não forneceu nenhuma facilidade, o que faz com que os dados de um lado e do outro “não devam ser comparados”.
Segundo o documento, as prisões foram realizadas principalmente por soldados ou funcionários do FSB, o serviço secreto russo, “geralmente em grande número, a bordo de veículos militares, usando balaclavas e armas de combate”.
Detidos foram “transportados com as mãos amarradas e com os olhos vendados, em posições incômodas em caminhões lotados ou veículos militares, sem acesso a um banheiro durante viagens longas”. “À noite, foram deixados ao ar livre, deitados no chão, expostos ao frio e a hostilidades”, acrescentou o relatório.
Além das 77 execuções documentadas de civis por invasores russos (72 homens e cinco mulheres), o relatório denuncia a morte de outros dois detentos por não sobreviverem às torturas sofridas, serem alvo de maus-tratos e não receberem tratamento médico. (Com agências internacionais)
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