Em 21 de março de 2022, o UCHO.INFO publicou matéria sobre o fim melancólico do PSDB, partido que esteve por duas vezes na Presidência da República e governou o principal estado da federação, São Paulo, por quase trinta anos.
Os nossos alertas sobre o esfacelamento do tucanato antecederam a referida matéria, que quando publicada recebeu elogios de integrantes da legenda que ainda resistem no ninho da coerência. Ao longo dos anos, afirmamos que o PSDB era tão pífio como partido, que sequer sabia como fazer oposição aos governantes da vez.
Por ocasião da CPMI dos Correios, em 2005, quando foi desnudado o esquema de corrupção conhecido como “Mensalão do PT”, havia a possibilidade de cassação da chapa que chegou ao Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva. Afinal, a campanha do petista pagou em conta bancária no exterior parte dos honorários do marqueteiro Duda Mendonça. A legislação eleitoral proíbe esse tipo de operação contábil.
À época, envergando os conhecidos “punhos de renda” e sobre “salto alto”, os tucanos resistiram à ideia de cassar a chapa liderada por Lula, sob o argumento que na eleição presidencial seguinte sairiam vitoriosos. Naquele momento, o editor do UCHO.INFO disse a alguns caciques do PSDB que a justificativa era absurda e Lula seria reeleito, como de fato aconteceu.
Na edição desta quarta-feira (5), o jornal “O Estado de S. Paulo” publicou excelente entrevista com Aloysio Nunes Ferreira, integrante da “velha guarda” do PSDB. Ex-ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes disse à competente jornalista Vera Rosa que “o PSDB, hoje, não é confiável nem para oposição. Não é nada”.
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Aloysio foi além em seu desabafo e afirmou que a atual cúpula do PSDB faz a “leitura errada” do quadro político e sequer consegue discutir assuntos de interesse do País. “Para meu espanto, li a notícia de que o PSDB contratou uma influencer para definir o programa do partido. É um absurdo”, criticou.
Questionado se o PSDB é um partido de centro ou de direita, Aloysio Nunes respondeu sem volteios: “É um partido de direita. Está na mesma confusão entre vazio político, clientelismo e distanciamento da base social, assim como outros partidos que povoam esse campo da direita. Com um agravante: o que os líderes do PSDB falam não é ouvido. Se é que alguém fala alguma coisa”.
O PSDB começou a encolher como partido logo após Fernando Henrique Cardoso descer a rampa do Palácio do Planalto, em 1º de janeiro de 2023. De lá para cá o partido foi dragado pela vaidade, por figadais disputas internas e escândalos de toda ordem, mas abafados a tempo de evitar o pior.
O tucanato tinha salvação como legenda, mas alguém se deixou levar pela cantilena de João Dória Júnior, que em 2016 foi eleito prefeito da cidade de São Paulo. Desde então, o PSDB tem marchado na direção da direita. Tanto é assim, que na campanha rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, João Dória se escorou em Jair Bolsonaro, o golpista.
Aloysio Nunes foi certeiro ao afirmar na entrevista que “o fundo do poço está muito fundo para o PSDB”. Não foi por falta de aviso, mas a soberba que sobra em alguns setores do tucanato causa surdez política. Agora, ao PSDB só resta existir como partido medíocre.
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