Intrépido e revolucionário, Zé Celso Martinez Corrêa, criador do Teatro Oficina, morre aos 86 anos em SP

 
O dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa, expoente das artes cênicas, criador do Teatro Oficina e conhecido simplesmente como Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos.

Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, após ter 53% de seu corpo afetado por queimaduras causadas por incêndio em seu apartamento.

O Teatro Oficina se despediu de Zé Celso por meio das redes sociais: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol. Amor de muito. Amor sempre”, escreveu no Twitter.

Transgressão e experimentação

Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, em 1937, Zé Celso iniciou sua carreira nos anos 1950 e, na década seguinte, integrou o grupo fundador do Teatro Oficina, considerada a maior e uma das mais longevas companhias de teatro em atividade permanente do Brasil.

“Nós chamamos o nosso teatro de Oficina e escolhemos como símbolo a bigorna, porque isso significava trabalho e se pretendia ligar o trabalho teatral a qualquer outro, colocando o ator como um operário, como um simples proletário, para desmistificar certa ideia de que o teatro é uma coisa mítica, dependendo de dom, vocação e até mesmo de um apelo religioso”, definiu o próprio Zé Celso.

Ao longo de mais de seis décadas dedicadas às artes cênicas, ele escreveu, dirigiu e atuou em peças como Os Sertões, Roda Viva e O Rei da Vela, de Oswald de Andrade.

“Defensor de um teatro antropofágico, o dramaturgo conduziu sua carreira no teatro valorizando sempre os conceitos da inovação, da transgressão, da subversão e da experimentação”, escreveu o Instituto Itaú Cultural por ocasião do 80º aniversário do artista, em 2017.

 
Políticos e artistas lamentam a morte

Por meio do Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte “de um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro”.

“José Celso Martinez Correa, ou Zé Celso, como sempre foi chamado carinhosamente, foi por toda a sua vida um artista que buscou a inovação e a renovação do teatro”, escreveu Lula. “Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura. Transformou o Teatro Oficina em São Paulo em um espaço vivo de formação de novos artistas. Deixa um imenso legado na dramaturgia brasileira e na cultura nacional.”

O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou o impacto causado pelo dramaturgo e pelo Teatro Oficina: “José Celso Martinez escreveu uma rica história pessoal e para o Brasil. Irreverente, provocativo e dono de uma enorme capacidade inventiva, Zé Celso tornou o Teatro Oficina um patrimônio da cultura brasileira e um celeiro de talentos para nossos palcos.”

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil escreveu: “Zé Celso marcou a história do Brasil e seu legado será eterno! Nossos sentimentos a familiares, amigos e admiradores.”

O cineasta Kleber Mendonça Filho se manifestou sobre o legado de Zé Celso para a cultura brasileira como um todo: “Eu não sou do Teatro, mas meus filmes foram todos impactados de alguma forma por Zé Celso, com a energia de atrizes e atores, da arte e pitacos amigos de roteiro, um senso de direção e visão sobre o Brasil. Esse é o significado de um real impacto na Cultura. Obrigado Zé Celso.”

Em entrevista à GloboNews, a atriz Irene Ravache lamentou a morte do “gigante, revolucionário, iluminado” Zé Celso. (Com agências de notícias)


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