Vídeo de mulheres despidas e atacadas gera revolta na Índia

 
Um vídeo que mostra duas mulheres nuas sendo agredidas e arrastadas por uma multidão de homens em Manipur, estado no extremo nordeste da Índia na fronteira com Mianmar e que está mergulhado desde o início de maio em violentos conflitos étnicos, gerou revolta no país.

Nas imagens, que circulam desde quarta-feira (19) nas redes sociais, as mulheres choram e imploram aos agressores por compaixão antes de serem empurradas até um descampado, onde ao menos uma delas teria sido estuprada pela horda.

O episódio aconteceu em 4 de maio, mas só veio à tona só agora após o registro viralizar nas redes sociais – a região está oficialmente sem acesso à internet. Familiares das vítimas, contudo, alegam ter denunciado o caso às autoridades ainda em maio, e acusam a polícia local de omissão. Eles relatam que sua aldeia, habitada por membros da etnia Kuki-Zo, foi invadida e incendiada por um grupo de homens da etnia Meitei. Dois de seus parentes, pai e irmão de uma das vítimas, teriam sido espancados até a morte, e a polícia não teria agido para evitar as cenas de violência.

O ataque teria sido motivado por notícias falsas sobre o estupro de uma mulher Meitei por um Kuki-Zo, e foi cometido na esteira de uma série de animosidades entre os dois grupos que já deixou um saldo de ao menos 140 mortos e 60.000 desalojados desde o início de maio.

 
Conflitos étnicos na região

Os conflitos teriam começado após os Kukis, de maioria cristã, protestarem contra a concessão de direitos especiais aos Meitei, de maioria hindu – estes são maioria na região, tanto em termos populacionais quanto políticos –, como cotas para acesso a escolas e cargos públicos. Apesar das diferenças religiosas, porém, o conflito teria mais viés étnico.

Ainda segundo relatos, outras duas mulheres Kuki-Zo teriam sido violentadas e mortas por um grupo de ao menos seis homens Meitei no dia seguinte, em 5 de maio.

Modi: “Nenhum culpado será poupado”

Criticado por não ter falado sobre o episódio até o assunto chegar ao noticiário – o estado de Manipur é governado por um correligionário de Modi que pertence à etnia Meitei –, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi se pronunciou nesta quinta-feira prometendo que os responsáveis serão levados à Justiça e que “nenhum culpado será poupado”.

“O que aconteceu com as filhas de Manipur não pode ser perdoado jamais”, declarou Modi durante sessão do Parlamento, referindo-se ao caso como vergonha para o país.

Também nesta quinta-feira, a polícia anunciou a abertura de uma investigação e a prisão de quatro suspeitos.

Parlamento Europeu pediu fim da violência

Na última semana, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução conclamando as autoridades indianas a darem um fim à violência em Manipur e proteger minorias religiosas, principalmente cristãos. O Ministério das Relações Externas indiano reagiu criticando a resolução e taxando-a de “interferência” em assuntos domésticos. (Com agências internacionais)


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