PF intima Bolsonaro para explicar conversas com empresários que defenderam golpe de Estado

 
Como destacamos ao longo dos últimos meses, a nossa decisão de usar o vernáculo “golpista” para fazer referência a Jair Bolsonaro tinha razão de ser. Apesar dos ataques por parte dos apoiadores de Bolsonaro, não recuamos, pelo contrário. Mantivemos a firmeza de sempre ao acusar o então presidente da República de atuar, em especial nos bastidores, para dar um “cavalo de pau” na democracia brasileira.

Nesta terça-feira (22), trecho de um relatório da Polícia Federal revelou que Bolsonaro compartilhou com empresários, em grupo do WhatsApp, mensagens em que pedia a disseminação de notícias falsas sobre o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, além de cobrar ataques ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Um dos empresários que estão na mira da PF é Meyer Joseph Nigri, fundador da construtora Tecnisa, que compartilhou no grupo “Empresários & Política”, no WhatsApp, as mensagens golpistas de Bolsonaro. Além disso, os empresários passaram a defender um golpe de Estado como forma de evitar uma eventual vitória de Lula na corrida presidencial de 2022.

A investida golpista rendeu ao ex-presidente novo depoimento à Polícia Federal, marcado inicialmente para 31 de agosto. A intimação de Bolsonaro é fruto de conversas encontradas no celular de Meyer Nigri e da relação do ex-presidente com o empresário Luciano Hang.

“A análise das mensagens do aplicativo WhatsApp contidas no telefone celular apreendido identificou que as três mensagens investigadas foram encaminhadas originariamente pelo contato registrado como [email protected] Pr Bolsonaro 8”, destaca o relatório da PF.

O relatório da PF traz a transcrição de uma das conversas de Bolsonaro com Meyer Nigri: “O ministro Barroso faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável. O pior, mente sobre o que se tentou aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica, quando ele se reuniu com lideranças partidárias e o Voto Impresso foi derrotado. Isso chama-se INTERFERENCIA”.

“Todo esse desserviço à Democracia dos 3 ministros do TSE STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral REPASSE AO MÁXIMO”, destaca o relatório.

 
De acordo com os investigadores, a relação do empresário Meyer Nigri com Bolsonaro teria a “finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado democrático de Direito, utilizando-se do mesmo modo de agir da associação especializada investigada no Inq. 4874/DF”.

O inquérito nº 4.874/DF investiga as milícias digitais e é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. O magistrado manteve as apurações envolvendo Mayer Nigri e Luciano Hang, ao mesmo tempo em que determinou o arquivamento das investigações concernentes aos empresários José Isaac Peres (Multiplan), Ivan Wrobel (W3 Engenharia), José Koury (Barra World Shopping), André Tissot (Grupo Sierra), Marco Aurélio Raimundo (Mormaii) e Afrânio Bandeira (Coco Bambu).

No tocante a Nigri, o ministro do STF tomou a decisão com base no relatório da PF, uma vez que a corporação identificou vínculo entre o empresário e Bolsonaro, principalmente em relação à disseminação de informações falsas.

Nada do que foi apurado pela Polícia Federal teria acontecido sem a aquiescência silenciosa de militares da cúpula das Forças Armadas, que alimentaram a ideia de um golpe de Estado até o dia 8 de janeiro passado, quando as sedes dos Poderes da República foram invadidas e depredadas pela turba bolsonarista.

Quem em algum momento Bolsonaro acabará atrás das grades os brasileiros de bom-senso já sabem, mas em um país minimente sério o ex-presidente já estaria preso por ameaçar a democracia e o Estado de Direito.

É importante que os cidadãos de bem, comprometidos com a democracia, boicotem as empresas dos golpistas: Tecnisa (construtora), Havan (rede de lojas), Multiplan (shopping centers), W3 Engenharia (construtora), Barra World Shopping (shopping temático no RJ), Grupo Sierra (móveis), Mormaii (confecção) e Coco Bambu (restaurantes).


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