Lula se rende ao proxenetismo do Centrão e troca Ana Moser pelo insignificante e enrolado Fufuca

 
A palavra “redenção” tem duas interpretações distintas: a primeira, de cunho teológico, significa o resgate do ser humano; a segunda, proteção que livra de situação de dificuldade. Quando Lula foi eleito em 2022, afirmamos que o terceiro mandato presidencial possibilitaria ao petista uma redenção diante de tudo o que aconteceu anteriormente, desde os escândalos de corrupção até a prisão ilegal decretada por um alarife que fez da toga alavanca de um projeto de poder.

Lamentavelmente, Lula não conseguiu enxergar a redenção, em ambos os significados, que a vida lhe dera, preferindo a rendição, que significa ser vencido. Ao contrário do que prometeu durante a corrida presidencial, o presidente Lula mais uma vez é refém do mesmo grupo de políticos que assaltou a Petrobras sem qualquer dose de escrúpulo. Estamos falando do malfadado “Centrão”, bloco parlamentar informal que abriga o pior da política brasileira.

Com apenas oito meses de governo, o chefe do Executivo não resistiu à chantagem criminosa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que cada vez mais avança sobre a máquina do governo, com a promessa de aprovar matérias de interesse do Palácio do Planalto.

As exigências feitas por Lira e sua horda são tão acintosas, que a forma passiva como Lula aceita a pressão chega a causar engulhos. Há na imprensa alguns profissionais que preferem vender a consciência – e não é por preço vil – para tentar defender o indefensável. Há uma diferença monumental entre governo de coalizão e tomar de assalto um governo que foi eleito democraticamente, não importando a diferença de votos entre o primeiro e o segundo colocados.

Os integrantes do Centrão não passam de proxenetas legislativos, pois até as eleições passadas vendiam apoio ao golpista Jair Bolsonaro. Para atender à chantagem de Arthur Lira, o presidente da República decidiu exonerar Ana Moser e Márcio França, responsáveis pelas pastas do Esporte e Portos e Aeroportos, respectivamente.

 
Trocar Ana Moser pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA) é no mínimo um atentado contra o bom-senso, não sem antes ser um deboche com aqueles que confiaram voto ao petista. Arthur Lira não quer apenas emplacar seus comandados em ministérios, mas exige pastas com recursos de sobra. Por conta dessa exigência torpe, o Ministério do Esporte será turbinado com verbas de loterias e apostas, que em tese deveria estar sob a responsabilidade do ministro Fernando Haddad (Economia).

Em 2016, ou seja, no segundo ano do seu primeiro mandato como deputado federal, Fufuca, que à época estreava no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, pagou R$ 92 mil a uma empresa ligada à publicitária Danielle Dytz da Cunha, filha do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entre abril de 2015 e março de 2016. Na ocasião, o Conselho de Ética votou o parecer sobre o processo que apura se Eduardo Cunha quebrou decoro parlamentar ao dizer que não tinha contas no exterior. Danielle Cunha foi eleita deputada federal em 2022.

Em 2017, o UCHO.INFO publicou matéria sobre a CPI das Próteses e Órteses, que tramitou na Câmara dos Deputados dois anos antes e teve como relator ninguém menos que André Fufuca.

No relatório final da CPI, Fufuca, à época filiado ao nanico PEN, sequer solicitou o indiciamento do principal envolvido no esquema criminoso. No máximo, Fufuca sugeriu às autoridades os nomes dos que deveriam ser investigados e denunciados, além de defender quatro projetos de lei para coibir as fraudes no mercado de implantes. Em suma, o líder da quadrilha que operava no Distrito Federal foi poupado no relatório final da CPI. Via de regra CPIs são terreno fértil para milhões de milagres (sic).

 
De acordo com investigação jornalística iniciada pelo UCHO.INFO, uma das empresas envolvidas no esquema criminoso teria desembolsado R$ 4 milhões para ser poupada na CPI. Em conversa com o UCHO.INFO, Fufuca disse que se o pagamento (R$ 4 milhões) de fato ocorreu, o dinheiro teria de ser devolvido, pois o que foi prometido de forma criminosa deixou de ser cumprido. O dinheiro jamais foi devolvido.

Em 28 de agosto de 2015, afirmamos que um conhecido neurocirurgião de Brasília, acostumado a viver de forma perdulária e externando exagerados sinais de riqueza, desistiu da profissão e colocou à venda seu consultório, sempre procurado por figuras conhecidas da República. Depois disso, o médico passou a se dedicar à comercialização de órteses e próteses, algo que lhe rendeu muito mais dinheiro do que as comissões que recebia como integrante da quadrilha de médicos.

As investigações do UCHO.INFO apontaram que o chefão da “Máfia das Próteses do DF” teria desembolsado R$ 1 milhão para não ter o nome incluído no relatório final da CPI da Câmara. O pagamento pouco adiantou, pois o médico foi preso na Operação Mister Hyde, deflagrada em setembro de 2016, que mandou ao cárcere pelo menos sete integrantes do esquema criminoso.

Contudo, o malabarismo político de André Fufuca não para por aí. O próximo ministro do Esporte abasteceu com recursos de emenda parlamentar de sua autoria uma empresa fantasma envolvida em grande esquema de desvio de verbas federais. A verba de emenda parlamentar foi parar no caixa da P.R.L. Pereira Construções, empresa obscura aberta pouco tempo antes e que surgiria no centro de investigação federal que envolve desvios milionários de recursos públicos.

Apesar da redundância, não custa lembrar que André Fufuca será no Ministério do Esporte uma espécie de “longa manus” de Arthur Lira, que tem ninguém menos do que Eduardo Cunha como fonte de inspiração.


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