Greve do Metrô e da CPTM em SP interessa a Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes, apesar das críticas

 
Parcial e programada pare terminar no final desta terça-feira, a greve dos funcionários do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) obrigou o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito paulistano Ricardo Nunes a decretarem ponto facultativo no serviço público. O rodízio de veículos também foi suspenso.

O direito de greve é garantido pela Constituição Federal de 1988, mas deve ter como mote reivindicações salariais e trabalhistas. A greve desta terça-feira, que complica sobremaneira o trânsito na maior cidade brasileira, é político-partidária e representa um protesto contra a privatização do Metrô e da Sabesp. Em suma, a greve pode ser considerada ilegal, mesmo com o funcionamento parcial do Metrô e da CPTM.

O governador Tarcísio de Freitas disse que a greve é um movimento de daqueles que não aceitam os resultados das urnas. Turista acidental à frente do mais importante estado da federação, Tarcísio não tem moral para falar em desrespeito aos resultados das eleições de 2022.

Sabujo de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo deveria rever seus conceitos antes de falar sobre respeito à vontade dos eleitores. Bolsonaro e seus insanos e radicais seguidores não aceitaram o resultado da eleição presidencial e protagonizaram uma fracassada tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro passado. Em qualquer país minimamente sério e com autoridades cientes de suas obrigações, Bolsonaro já estaria preso.

O UCHO.INFO é contra a greve desta terça-feira, mas ressalta que o movimento é fruto do desinteresse dos brasileiros pelas questões políticas e da passividade da população diante dos absurdos cometidos pelos governantes. Fosse para reagir a cada bizarrice política que surge dia após dia no cenário nacional, o Brasil estaria em contínuo estado de greve.

 
Defendemos a existência de um Estado enxuto, sem penduricalhos e cabides de emprego, desde que as atividades essenciais sejam mantidas sob a responsabilidade dos governos. Em suma, privatizar nem sempre é a solução, pelo contrário.

A grande questão é que o brasileiro pouco se importa com as decisões tomadas pelos governantes, testando a alguns poucos setores da sociedade organizada protestar contra o escárnio. A proposta de privatização da Sabesp e do Metrô deve ser combatida na esfera administrativa e no âmbito do Judiciário, não com greves que impõem à sociedade prejuízos e transtornos dos mais diversos.

Enquanto criticam publicamente a paralisação do Metrô e da CPTM, Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes comemoram nos bastidores a decisão açodada dos sindicatos das respectivas categorias. Isso porque ambos têm planos políticos que passam pela desidratação de possíveis adversários nas próximas eleições.

Nunes é candidato à reeleição e tem como principal concorrente o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que é conhecidamente de esquerda, bandeira ideológica que trêmula sobre os sindicatos de trabalhadores. O eventual desgaste de Boulos interessa a Ricardo Nunes, assim como a Tarcísio, uma vez que a capital paulista é a mais importante vitrine política do País.

Se Nunes sonha com mais um mandato como prefeito, Tarcísio de Freitas flerta com a possibilidade de ser o candidato da direita à Presidência da República em 2026, já que Bolsonaro está inelegível. Na sua cola, mesmo que ainda dando os primeiros passos, está o governador do Paraná, Ratinho Júnior, que trabalha para ser o presidenciável da direita.

A avaliação de Nunes junto aos paulistanos é a pior possível, por isso lhe convém o desgaste político de Boulos. Por outro lado, com a possibilidade de Ratinho Júnior concorrer ao Palácio do Planalto, Tarcísio precisa mostrar serviço antes que seja tarde. Até o momento, como sabem os paulistas dotados de bom-senso, o “longa manus” de Bolsonaro ainda não mostrou a que veio.


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