Bolsonaro convoca manifestação para incitar militância ao crime caso seja preso por golpismo

 
Golpista de plantão, Jair Bolsonaro tenta “sair das cordas” da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que avança sobre o plano criminoso de golpe de Estado e investiga a cúpula do grupo que tentou abolir o Estado Democrático de Direito.

Depois de analisar as consequências da operação da PF, Bolsonaro convocou seus apoiadores para uma manifestação a ser realizada no final de fevereiro na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. A justificativa de Bolsonaro para a convocação é que ele precisa se defender das incontestes acusações que emergem da Veritatis. Se o objetivo da manifestação é se defender, que isso ocorra nos autos da investigação, não em via pública.

Na verdade, Bolsonaro busca “incendiar” a militância para possível reação popular em caso de decretação de prisão, algo que não deve ser descartado, até porque é uma questão de tempo para que isso ocorra.

Em outras palavras, o objetivo do ex-presidente tem dois caminhos. O primeiro é incitar uma reação popular em caso de prisão, o que por si só configura crime. Em seu artigo 286, o Código Penal é claro ao tratar do tema: “Incitar, publicamente, a prática de crime – Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.”

Em que pese o fato de a pena ser de no máximo seis meses, Jair Bolsonaro proporcionará às autoridades combustível para condená-lo no âmbito de outras ações judiciais.


 
O segundo objetivo é meramente político, já que Bolsonaro tenta evitar uma debandada de apoiadores não radicais, que começam repensar o apoio ao golpista. Considerando que as eleições municipais batem à porta, o ex-presidente busca evitar uma derrocada política.

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) prefere deixar eventual prisão de Bolsonaro depois de condenação, os crimes de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito preveem penas que podem chegar a 23 anos de reclusão. Além disso, o ex-presidente ficaria inelegível por 30 anos.

No contraponto, alguns juristas entendem que o ato preparatório de um golpe de Estado não pode ser considerado crime, portanto, estaria descartada possível condenação. A prevalecer teoria tão absurda, fruto da hermenêutica de conveniência, toda tentativa de crime ficaria isenta de punição. É o caso de tentativa de homicídio, tentativa de furto, tentativa de roubo, tentativa de estupro, entre tantos crimes.

Fato é que os imbróglios envolvendo Jair Bolsonaro ratificam os muitos alertas feitos pelo UCHO.INFO sobre o perigo que representava a candidatura o golpista que ao longo de décadas permaneceu no chamado “baixo clero” do Congresso Nacional. Mesmo assim há quem defende um cidadão desse naipe.


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