Líderes internacionais culpam Putin pela morte do opositor russo Alexei Navalny

 
Autoridades internacionais lamentaram nesta sexta-feira (16) a morte repentina do líder opositor russo Alexei Navalny, de 47 anos, que estava preso numa colônia penal na região ártica da Rússia e culparam a Rússia pelo ocorrido.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou que a morte de Navalny é mais um sinal da “brutalidade” do presidente russo, Vladimir Putin. “Qualquer que seja a história, que contem, vamos deixar claro que a Rússia é responsável”, disse Harris no início do seu discurso na Conferência de Segurança de Munique.

“Durante mais de uma década, o governo russo, Putin, perseguiu, envenenou e prendeu Alexei Navalny, e agora sua morte é noticiada. Sua morte em uma prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu”, ressaltou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que também está em Munique.

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, descreveu como terrível a informação sobre a morte de Navalny e disse que o líder opositor russo pagou com a vida pela sua bravura quando regressou à Rússia depois de se recuperar em Berlim de um envenenamento. “É algo muito desconcertante. Conheci Navalny em Berlim quando ele tentava se recuperar”, afirmou Scholz.

“Ele provavelmente pagou com a vida pela sua bravura”, comentou Scholz, que disse estar pensando na esposa e nos dois filhos de Navalny. “Sabemos que regime é este”, acrescentou Scholz em referência ao governo de Putin, frisando que a morte do opositor é um sinal de quanto a Rússia mudou para pior. “Faz muito tempo que não é uma democracia”, enfatizou.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que considera que o regime russo é o “único responsável pela morte trágica” de Navalny. “Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia e, pelos seus ideais, fez o derradeiro sacrifício. A UE considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica”, escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter).

Através das redes sociais a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen disse estar “profundamente perturbada e triste” com a notícia. “Putin não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo. [E esta notícia é] um lembrete sombrio do que são Putin e o seu regime”, disse.


 
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Choque e indignação

Em Berlim, para um encontro com Scholz, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que Putin deve “responder pelos seus crimes”. “É óbvio para mim que Navalny foi morto como milhares de outros que foram torturados até à morte por causa de uma pessoa, Putin, que não se importa com quem morre, desde que mantenha a sua posição”, declarou.

O presidente da Espanha, Pedro Sanchez, disse estar “chocado” com o ocorrido. “Minhas condolências à sua família e amigos e a todos aqueles na Rússia que defendem os valores democráticos e pagam por isso o preço mais alto”, acrescentou.

O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou sua “raiva e indignação” pela morte do líder opositor russo. “Na Rússia de hoje, os espíritos livres são colocados no gulag e condenados à morte”, escreveu rede social X. Macron elogiou ainda o “compromisso” e a “coragem” de Navalny e enviou suas condolências à sua família, aos seus entes queridos e ao povo russo.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia tem “questões muito sérias a responder” sobre a morte de Navalny. Ele disse ainda não ter informações sobre as causas da morte, razão pela qual insistiu na importância do esclarecimento de todos os fatos.

“Embora a Rússia tenha algumas questões muito sérias a responder, o que temos visto é que a Rússia se tornou uma potência cada vez mais autoritária, que tem usado a opressão contra a oposição durante muitos anos”, comentou. Stoltenberg ressaltou que Navalny era um prisioneiro e que esta condição “torna extremamente importante que a Rússia responda agora a todas as perguntas que serão feitas sobre a causa da morte”.


 
Opositores russos também se manifestam

Em meio à Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, pediu para que Putin seja considerado “pessoalmente responsável por todas as atrocidades cometidas” e disse que os envolvidos pagarão pela morte do seu marido.

“Se isto for verdade, gostaria que Putin, toda a sua equipe, toda a sua comitiva, todo o seu governo e os seus amigos soubessem que serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Serão levados à justiça e esse dia chegará em breve”, declarou.

Já Dmitry Muratov, Prêmio Nobel da Paz de 2021, disse que a morte de Navalny foi uma “notícia assustadora” e a classificou como resultado de um assassinato.

O ex-campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov também acusou o presidente da Rússia nas redes sociais: “Putin não conseguiu matar Navalny rápida e secretamente ao envenená-lo. Agora, assassinou-o lenta e publicamente na prisão”.

O escritor Boris Akunin disse que Navalny se “tornou imortal” e que o seu desaparecimento do mundo dos vivos será uma ameaça para o Kremlin. “Um Alexei Navalny assassinado será uma ameaça maior para o ditador do que um Alexei Navalny vivo. O ditador não pode mais fazer nada contra ele. Navalny está morto e tornou-se imortal”, disse o escritor que vive no exílio desde 2014. (Com agências internacionais)


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