Depoimentos recentes complicam Bolsonaro e Anderson Torres, cada vez mais próximos da prisão

 
O cerco se fecha cada vez mais no entorno de Jair Bolsonaro e seus golpistas e plantão. Insistindo na frágil tese de que não teve envolvimento com o planejamento de um golpe de Estado, Bolsonaro agora assiste aos comprometedores depoimentos de ex-assessores e de militares à Polícia Federal, no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro César Barbosa Cid confirmou aos investigadores da Tempus Veritatis detalhes sobre o plano golpista gestado no Palácio do Planalto. O tenente-coronel do Exército afirmou ter participado de reuniões de Bolsonaro com a cúpula do então governo, quando foi discutido o plano golpista.

Cid afirmou que, em determinada reunião, o ex-presidente recebeu de Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência, uma minuta de decreto golpista. Revelou também detalhes sobre o encontro com o comando das Forças Armadas para “sondagem” de apoio ao golpe pretendido.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi questionado sobre a reunião de 5 de julho de 2022, na qual o ex-presidente disse que “o plano B tem que pôr em prática agora”. O vídeo do encontro foi encontrado pela PF no computador de Mauro Cid.

O novo depoimento de Mauro Cid ocorreu após o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, confirmar que participou de reuniões com Bolsonaro em que foi discutida a “minuta do golpe”.

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Freire Gomes foi intimado a depor na condição de testemunha, o que impõe ao depoente o compromisso de falar somente a verdade. A intimação de Freire Gomes resultou de mensagens trocadas com Cid, as quais colocam Bolsonaro no centro do plano de golpe.

Se o mais recente depoimento de Mauro Cid é considerado importante pelos investigadores, o de Freire Gomes foi devastador para Bolsonaro, porque acabou de vez com as dúvidas que pairavam sobre o projeto golpista.

Para completar o estrago na seara bolsonarista, o ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que também depôs à PF, comprometeu sobremaneira o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que foi preso preventivamente e colocado em liberdade provisória por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Baptista Júnior disse aos investigadores que o papel de Anderson Gomes no enredo golpista era apresentar argumentos jurídicos que eventualmente embasassem o a decretação de estado de sítio ou de estado de defesa.

Em outro capítulo da investigação sobre a trama golpista, a defesa de Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva do Exército e ex-assessor de Bolsonaro, acenou aos investigadores com a possibilidade de acordo de delação. O militar cumpre prisão preventiva desde a deflagração da operação policial.


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