Tempus Veritatis: ex-assessor especial de Bolsonaro está disposto a negociar acordo de delação

 
A situação de Jair Bolsonaro piora com o passar das horas no terreno da fracassada tentativa de golpe de Estado. Não bastasse o novo depoimento de Mauro César Barbosa Cid prestado à Polícia Federal na segunda-feira (11), agora um ex-assessor de Bolsonaro sinaliza com a possibilidade de acordo de colaboração premiada.

A defesa de Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva do Exército, acenou aos investigadores da Operação Tempus Veritatis, da PF, com a possibilidade de acordo de delação. O militar cumpre prisão preventiva desde a deflagração da operação policial.

Além da investigação sobre o fracassado plano de golpe de Estado, Câmara também é alvo da apuração sobre o extravio e venda de joias e relógios de luxo no exterior, objetos presenteados por autoridades estrangeiras e, portanto, pertencentes ao acervo da Presidência da República.

A iniciativa de propor acordo de delação cabe ao investigado, ou seja, a defesa do coronel da reserva deve procurar os responsáveis pela investigação para definir as bases e contrapartidas.

Vale ressaltar que ninguém sob investigação propõe acordo de colaboração premiada se não tiver algo a revelar. Considerando que no mais recente depoimento à PF Mauro Cid confirmou a participação de Bolsonaro no plano golpista, o coronel terá de fornecer informações ainda mais relevantes para a investigação.

A defesa de Câmara está a cargo do criminalista Eduardo Kuntz, que em entrevista à CNN afirmou que o cliente aguarda nova oitiva “para que possam ser dados os esclarecimentos e falar sobre isso [delação], caso seja de interesse da autoridade policial, membros da Procuradoria [Geral da República], ou do próprio ministro [do Supremo Tribunal Federal] relator”.

O militar foi convocado a prestar depoimento no dia 22 de fevereiro, junto com demais investigados na Tempus Veritatis. Kuntz, que também defende Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, não pode acompanhar o depoimento de Câmara.

A defesa alega que Câmara não teve garantido o direito à defesa, por essa razão requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a definição de data para um novo depoimento, mas até o momento não ouve decisão da Corte. O advogado afirmou que o cliente foi “coagido” a permanecer em silêncio pelos investigadores.

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Prisão preventiva

Tomando por base que a PF informou aos investigados que os depoimentos seriam simultâneos e deveriam estar acompanhados de advogados, o melhor para Câmara foi permanecer e silêncio. A defesa poderia ter destacado outro advogado para acompanhá-lo no depoimento. Na ocasião, Kuntz descartou a possibilidade de delação de ambos os investigados (Câmara e Arnaud).

O coronel foi preso preventivamente em 8 de fevereiro, quando foi deflagrada a Tempus Veritatis. De acordo com as investigações, Câmara é acusado de ter monitorado os deslocamentos do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que no plano golpista deveria ser preso.

As investigações da PF revelaram que o general da reserva Augusto Heleno, Mauro Cid e Marcelo Câmara integravam um dos seis núcleos golpistas. O trio atuava no grupo de “inteligência paralela”.

Antes de ser preso, Câmara estava contratado pelo Partido Liberal (PL) para atender ao ex-presidente Jair Bolsonaro, com remuneração mensal de R$ 18,5 mil.


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