O Brasil seria motivo de gargalhadas não fosse o picadeiro sobre o qual políticos destilam falsos moralismos. Senador pelo Piauí e presidente nacional do Partido Progressista, Ciro Nogueira, cujo currículo dispensa maiores apresentações, resolveu sair em defesa do golpista Jair Bolsonaro, a quem serviu como chefe da Casa Civil.
Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Ciro atacou o ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que em depoimento à Polícia Federal afirmou que Bolsonaro apresentou aos chefes das Forças Armadas um plano de golpe de Estado.
Sem citar nominalmente Baptista Júnior, até porque não tem coragem para tanto, Ciro escreveu: “Quer dizer que agora um chefe, dois chefes (?) de Forças Militares testemunham um Golpe de Estado e não fizeram nada?”.
“Está absolutamente provado que há um criminoso inconteste. Ou o criminoso que cometeu prevaricação ao não denunciar ao País o “golpe” ou o caluniador que o denuncia hoje, não tendo ocorrido”, emendou o parlamentar.
Também no antigo Twitter, Baptista Júnior reagiu à investida do senador. “Ao tentar apoio para as eleições de 2026, o senador Ciro Nogueira agride a instituição militar e demonstra desconhecer a lei brasileira, que estabelece que a continência militar é devida às autoridades, não às pessoas”, escreveu o militar.
O ex-comandante da Aeronáutica afirmou em depoimento à PF que Bolsonaro cogitou a possibilidade de golpe de Estado. Disse também que chegou a se retirar de uma reunião com o ex-presidente e se recusou a receber qualquer proposta de decreto golpista.
Ex-comandante do Exército, o general da reserva Marco Antônio Freire Gomes relatou à PF que Bolsonaro promoveu reuniões com os respectivos das três Armas para discutir “hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”.
Quando alguém da estirpe de Ciro Nogueira sai em defesa de um golpista conhecido e tenta, sem sucesso, enfrentar com carraspana moralista quem se opôs ao golpe, é porque o Brasil não tem solução no médio prazo. Não bastasse o crime organizado que cada vez mais ameaça os brasileiros, agora tem os proxenetas da falsa moralidade, que usam o mandato para se esconder das estripulias que cometem.
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