Caso Marielle: preso pela PF, ex-chefe da Polícia Civil do Rio foi nomeado pelo golpista Braga Netto

 
O horizonte do caso Marielle Franco começa a clarear, após seis anos dos assassinatos, com a prisão dos mandantes do crime e do então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas a investigação continua em marcha. Em que pese o fato de autoridades afirmarem que o caso está encerrado, há um cipoal de questões a serem apuradas.

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos Rodrigues, afirmou que um dos temas a serem investigados é a indicação de Rivaldo Barbosa para o comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. O relatório da PF sobre o acaso aponta que Barbosa deu aval à execução da então vereadora e do motorista.

O decreto de nomeação de Rivaldo Barbosa foi assinado pelo general da reserva Walter Braga Netto, que à época comandava a intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro. O nome de Barbosa tinha sido anunciado para ocupar o cargo em 22 de fevereiro, mesmo com recomendação do serviço de inteligência da Polícia Civil fluminense para que o delegado não assumisse o posto. A intervenção teve início em fevereiro de 2018, por decisão do então presidente Michel Temer.

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Braga Netto, ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, integrou a cúpula golpista que fracassou na tentativa de abolir a democracia e o Estado de Direito após a eleição presidencial de 2022. Faz-se necessário destacar que Braga Netto usou impropérios para criticar os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, general Marco Antônio Freire Gomes e tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptistas Júnior, respectivamente, por não terem aderido ao plano de golpe de Estado.

De acordo com a delação do ex-policial Ronnie Lessa, preso por ser o executor dos homicídios, Rivaldo Barbosa garantiu aos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão que as investigações sobre o crime não prosperariam, como de fato aconteceu.

Há muito os nomes dos irmãos Brazão eram citados como possíveis os mandantes das mortes, mas a prisão de Rivaldo Barbosa surpreendeu as famílias das vítimas. Barbosa teria garantido aos familiares que a elucidação do caso era uma questão de honra.

Como sempre afirmamos em matérias sobre investigações e denúncias, os presos na “Operação Muder Inc.”, da PF, acusados de envolvimento no crime, têm garantido pela Constituição Federal direito à presunção de inocência e à ampla defesa, mas não se pode ignorar que Ronnie Lessa, no acordo de colaboração premiada, assumiu o compromisso de revelar informações verdadeiras e passiveis de comprovação.


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