Defesa de Bolsonaro nega ao STF que estada em embaixada era tentativa de fuga ou de pedido de asilo

 
Em ofício enviado eletronicamente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Jair Bolsonaro alega ser “ilógico” sugerir que o ex-presidente se hospedou por dois dias na embaixada da Hungria, em Brasília, com o intuito de pedir asilo político e evitar eventual prisão.

“Diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do peticionário [Bolsonaro] à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, justifica a defesa.

Os advogados afirmam no documento que Bolsonaro tem amizade com autoridades húngaras e foi para a embaixada tratar de assuntos políticos. “[Bolsonaro] sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”, destacam.

No ofício endereçado a Moraes, os advogados enfatizaram que Bolsonaro, quando viajou a Buenos Aires para a posse de Javier Milei como presidente da Argentina, solicitou autorização judicial para deixar o País. Contudo, a pose de Milei ocorreu no final de 2023, antes de a Polícia Federal deflagrar a Operação Tempus Veritatis, em fevereiro passado, e apreender o seu passaporte.

A estada de Bolsonaro na embaixada da Hungria, em Brasília, ocorreu quatro dias após a apreensão do passaporte. Esse detalhe permite concluir que diante da possibilidade de prisão, o ex-presidente foi à representação diplomática em busca de asilo, enquanto os advogados aguardavam os desdobramentos da Tempus Veritatis.


 
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Em postagem na rede social X (antigo Twitter), o advogado Fábio Wajngarten externou o desejo de despachar presencialmente com o ministro Alexandre de Moraes.

“Em cumprimento ao despacho do Ministro Alexandre de Moraes, tendo em vista o recesso da Suprema Corte na data de hoje, a defesa do Presidente @jairbolsonaro protocolará por meio eletrônico a petição sobre os esclarecimentos relativos à ida do Presidente à Embaixada da Hungria. A defesa reitera o desejo de despachar pessoalmente com o Ministro a fim de elucidar por completo toda e qualquer especulação fantasiosa sobre o tema.”

Apresentar pessoalmente alegações patéticas, como as citadas acima, é desnecessário, mas encontra explicação no temor de Jair Bolsonaro de ser preso preventivamente, já que a possibilidade de fuga, mesmo sem passaporte, é real, como temos afirmado.

Noticiamos em matérias anteriores que qualquer cidadão brasileiro pode viajar a determinados países sul-americanos apenas com a carteira de identidade. Além da possibilidade de cruzar a fronteira sem qualquer dificuldade. Isso significa que Bolsonaro consegue se refugiar em representação diplomática húngara em um desses países e, ato contínuo, solicitar asilo político ao primeiro-ministro da Hungria, o ultradireitista Viktor Orbán.


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