Poucos meses após apoiar bênçãos para casais gays, o Vaticano reafirmou nesta segunda-feira (8) sua oposição a mudanças de sexo, à teoria de gênero, à prática de barriga de aluguel, assim como ao aborto e à eutanásia.
O Gabinete Doutrinário do Vaticano (DDF) divulgou o documento “Dignitas infinita” (Dignidade infinita), declaração de vinte páginas que está sendo elaborada há cinco anos. Após grande revisão nos últimos meses, a declaração foi aprovada em 25 de março pelo Papa Francisco, que ordenou sua publicação, mesmo com resistência da ala conservadora, especialmente na África, contra o documento sobre questões LGBTQ+.
Em sua declaração mais aguardada, o Vaticano reafirmou a rejeição da “teoria de gênero”, que classificou como “colonização ideológica muito perigosa”, destaca o documento.
“Deus criou o homem e a mulher como seres biologicamente diferentes e separados”, e disse que: “as pessoas não devem mudar o gênero, ou “cair na antiga tentação de se tornarem Deus. Qualquer intervenção de mudança de sexo, como regra, corre o risco de ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu no momento da concepção”, ressalta a declaração.
O documento faz distinção entre cirurgias de mudança de sexo, que rejeitou, e “anormalidades genitais” que estão presentes desde o nascimento ou que se desenvolvem posteriormente. Essas anormalidades podem ser “resolvidas” com a ajuda de profissionais de saúde, segundo a igreja.
Católicos LGBTQ+ alertam para os efeitos da nota
Os defensores dos católicos LGBTQ+ imediatamente criticaram o documento, chamando-o de desatualizado, prejudicial e contrário ao objetivo declarado de reconhecer a “dignidade infinita” de todos os filhos de Deus. Eles alertaram que a nota poderia ter efeitos nocivos no mundo real sobre as pessoas trans, alimentando a violência e a discriminação.
“Embora apresente uma prerrogativa maravilhosa para o fato de que cada ser humano, independentemente de sua condição na vida, deva ser respeitado, honrado e amado, o documento não aplica esse princípio às pessoas com diversidade de gênero” disse Francis DeBernardo, da ONG New Ways Ministry, que defende os católicos LGBTQ+.
A existência do documento, que era objeto de rumores desde 2019, foi confirmada nas últimas semanas pelo novo chefe da DDF, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, confidente de Francisco.
Com essa medida, o Vaticano fez uma espécie de aceno aos conservadores, depois de ter aprovado as bênçãos para casais do mesmo sexo, o que gerou críticas de bispos conservadores em todo o mundo, especialmente na África.
Contudo, o Papa Francisco se manteve fiel ao que afirmou em uma entrevista de 2023, que “ser homossexual não é crime”. O documento aponta para países, incluindo muitos da África, que criminalizam a homossexualidade, denunciando como contrário à dignidade humana e se tornando essa afirmação do Papa, parte da doutrina católica e denuncia “como contrário à dignidade humana o fato de que, em alguns lugares, pessoas são presas, torturadas e até mesmo privadas do bem da vida apenas por sua orientação sexual”
O Papa Francisco aprovou o documento depois de solicitar que o papel também mencionasse “a pobreza, a situação dos imigrantes, a violência contra as mulheres, o tráfico humano, a guerra e outros temas”. A declaração também reafirma que a barriga de aluguel viola a dignidade tanto da mulher que se submete quanto da criança, e lembra que Francisco, em janeiro, chamou-a de “desprezível” e pediu uma proibição global, segundo comunicado do Cardeal Victor Manuel Fernandez.
A teoria de gênero, muitas vezes chamada de “ideologia de gênero” por críticos ou grupos conservadores, sugere que o gênero é mais complexo e fluido do que as categorias binárias de homem e mulher, e depende de muito mais do que as características sexuais visíveis. (Com agências internacionais)
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