Preços dos combustíveis estão defasados e tensão no Oriente Médio pode pressionar Prates

 
Nas últimas semanas, a Petrobras foi atingida por disputas e polêmicas de toda ordem, começando pela decisão de momentaneamente não distribuir os dividendos extraordinários. Os dividendos ordinários, por sua vez, devem ser distribuídos aos acionistas, sendo a União o maior deles.

Em meio à discussão, o presidente da empresa, Jean Paul Prates, foi “atirado aos leões”, principalmente por setores que pretendem mais uma vez transformar a Petrobras em cabide de empregos para apaniguados políticos.

Prates, ao que parece, permanece no cargo, depois de articulação comandada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), que convenceu Lula sobre a importância de mantê-lo à frente da companhia petrolífera.

A questão envolvendo a empresa é que o presidente da República, apesar de ter cedido à investida de Haddad, não está plenamente convencido a respeito do imbróglio. Prates é contra o loteamento da Petrobras, postura que desagrada setores do petista e alguns partidos aliados do governo, que querem ressuscitar os tempos do Petrolão, quando a corrupção corria solta na empresa.

O próximo episódio da saga da Petrobras envolve a defasagem nos preços dos combustíveis, quando comparados com os praticados no mercado internacional de petróleo. Em março passado, o preço da gasolina vendida no Brasil registrava defasagem de 17%, mas agora está em 19%. No caso do diesel, a defasagem atual é de 12%, mas antes era de 9%. As informações são da Associação Brasileira de Importadores e Combustíveis (Abicom).


 
De acordo com nota publicada no site da Abicom, a disparidade é resultado da “ligeira valorização no câmbio e nos preços de referência da gasolina e do óleo diesel no mercado internacional no fechamento do dia útil anterior (12 de abril).”

Esse quadro é considerado motivo suficiente para a Petrobras alterar os preços dos combustíveis, decisão que terá reflexos na inflação. Com a dúvida que paira sobre eventual escalada nos conflitos no Oriente Médio, em especial um embate direito entre Irã e Israel, a empresa não terá como evitar aumento de preços, pois causará prejuízos aos acionistas.

No contraponto, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem trabalhado para a retomada da economia, tende a pressionar a Petrobras para evitar o aumento de preços dos combustíveis. Com isso, o nome de Jean Paul Prates voltará à berlinda.

Em 20 de fevereiro passado, Prates descartou, naquele momento, a necessidade de aumento dos preços dos combustíveis no curto prazo. “Vamos resguardar o mercado brasileiro de oscilações desnecessárias. Essa alta (do petróleo) é de apenas uma semana, talvez seja um período curto ainda”, disse à época.

É importante lembrar que a então presidente Dilma Rousseff errou ao determinar o congelamento dos preços dos combustíveis. A irresponsável política de contenção de preços adotada por Dilma causou prejuízo de mais de R$ 100 bilhões à Petrobras. Ignorar a paridade de preços com o mercado internacional é colocar a empresa à beira do abismo do prejuízo.


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