Em vez de convocar atos, Bolsonaro ajudaria o País se aceitasse a derrota nas urnas e a inelegibilidade

 
O ato a favor de Jair Bolsonaro, que aconteceu no domingo (21) na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, não atingiu os resultados esperados pela extrema-direita brasileira, que insiste na estratégia de usar autoridades internacionais para distorcer a realidade do País.

O monitor da Universidade de São Paulo (USP) estimou em 32 mil o número de participantes do ato em favor do golpista fracassado, que mais uma vez demonstrou subserviência ao empresário Elon Musk, dono da rede social X e da Tesla, que por conta da fortuna acredita que pode ingerir na democracia brasileira.

Enquanto o redil bolsonarista aposta em Musk para tentar evitar a prisão de Bolsonaro, o empresário aceita o jogo de olho no lucro proveniente da disseminação de notícias falsas e discurso de ódio.

O ato em Copacabana foi patético e com direito a discurso mentiroso de Jair Bolsonaro em defesa da democracia. Em suma, um golpista fracassado falando em defesa da democracia.

“Nunca jogamos fora das quatro linhas. Alguém já viu essa minuta de golpe? Quando se fala em estado de sítio, é uma proposta que o presidente, dentro de suas atribuições constitucionais, pode submeter ao parlamento brasileiro. O presidente não baixa decreto nenhum. Só baixa decreto depois que o parlamento der o sinal verde”, afirmou o golpista.

Em depoimento à Polícia Federal, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica no governo Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou proposta de golpe.

Novamente embalado pela mitomania, Bolsonaro falou em defesa dos apoiadores presos na esteira dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Temos pelo Brasil órfãos de pais vivos”, disse o ex-presidente, referindo-se aos presos pela invasão às sedes dos três Poderes.

“A anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil. Ninguém tentou, por meio de armas, tomar o poder em Brasília. Aquelas pessoas estavam com a bandeira verde e amarela nas costas, e muitas com uma Bíblia embaixo do braço. Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando o patrimônio, como se fossem terroristas, como se fossem golpistas”, afirmou.


 
Sem qualquer dose de preocupação com os apoiadores que cumprem pena de prisão por acreditaram na possibilidade de um golpe de Estado, o ex-presidente discursou em causa própria, pois tem ciência de que sua prisão é questão de tempo. Ao falar em anistia, Bolsonaro tenta evitar a própria prisão.

Diante de situação jurídica inegavelmente desfavorável, Bolsonaro não criticou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas transferiu a missão a Silas Malafaia, o pastor que se presta ao ridículo papel de boneco de ventríloquo.

“Eu não vim aqui atacar aqui o STF. A maioria dos ministros não concorda com o Alexandre de Moraes. Vocês não podem se calar. Alexandre de Moraes está jogando o STF na lata do lixo da moralidade”, disse Malafaia. O pastor usou o termo “ditador de toga” em referência a Moraes.

Mesmo dizendo aos apoiadores que a eleição presidencial de 2022 é página virada, Bolsonaro teima em questionar a lisura do processo eleitoral, como fez ao longo do mandato e após ser derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva.

“Que nós possamos disputar as eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa, onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Não estou duvidando das eleições, página virada. Até porque podemos ver, um dia, um time de futebol sem torcida ser campeão, mas pela primeira vez na história do Brasil, nós estamos vendo um presidente eleito, sem povo ao seu lado”, disse Bolsonaro, contrariando a própria fala.

O bolsonarismo esperava retorno maior no ato do Rio de Janeiro, mas nesta segunda-feira (22) foi comprovada a ineficácia da manifestação, que não teve espaço do noticiário nacional. O melhor que Bolsonaro pode fazer é aceitar a derrota e a inelegibilidade por oito anos, sem contar a possibilidade crescente de prisão.


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