Moraes retira sigilo de áudio sobre reunião entre o golpista Bolsonaro e o “araponga” Ramagem

 
Jair Bolsonaro tinha motivos de sobra para se irritar com o fato de Alexandre Ramagem, o araponga-geral da República, ter gravado conversa em que ambos trataram de estratégia para proteger Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no escândalo das malfadadas “rachadinhas”, esquema de retenção de parte dos salários dos servidores do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), durante o período em que o filho “01” cumpria mandato de deputado estadual.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou, nesta segunda-feira (15), o sigilo do áudio da conversa entre e Ramagem, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Na decisão, Moraes destacou que eventual vazamento ou manipulação da gravação poderia gerar “inúmeras notícias incompletas ou fraudulentas, em prejuízo à correta informação à sociedade”.

A Polícia Federal encontrou o áudio da reunião entre Bolsonaro e Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em que foi discutido um plano para blindar Flávio. A informação consta no relatório da investigação da PF sobre a “Abin paralela”, divulgado na última quinta-feira (11). A reunião ocorreu em agosto de 2020.

Na conversa, Ramagem propõe abrir procedimentos administrativos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio para anular as investigações, sugestão prontamente aceita por Bolsonaro. Com o plano em prática, o processo contra Flávio Bolsonaro foi arquivado em 2022.

Após a revelação da gravação, Flávio Bolsonaro negou ter relação com a Abin. Segundo ele, a defesa focava em questões processuais, portanto, a Abin não teria qualquer utilidade. “A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro”, escreveu o senador em nota.

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Milagre da multiplicação

O senador fluminense pode alegar o que bem quiser, mas o clã Bolsonaro não foge às excrescências da política brasileira, onde impera o milagre da multiplicação do dinheiro. Em vez de se ocupar com desculpas esfarrapadas, Flávio Bolsonaro deveria explicar aos brasileiros de bem, não à manada bolsonarista, como conseguiu quitar de forma antecipada o financiamento de uma mansão em Brasília, comprada pelo senador em 2021.

A casa localizada no Lago Sul, região nobre de Brasília, foi adquirida pelo filho do golpista com uma entrada de R$ 2,87 milhões e financiamento de R$ 3,4 milhões concedido pelo Banco BRB, que seria pago ao longo de 30 anos. A quitação do empréstimo aconteceu recentemente.

Vale lembrar que o dinheiro proveniente das “rachadinhas” pagou mensalidades de plano de saúde e da escola de suas filhas, mas o senador tem a ousadia de afirmar que foi vítima de criminosos. A franquia de uma loja de chocolate, que funcionava em shopping na Barra da Tijuca, foi fechada às pressas, sendo que seu ex-sócio, que ameaçou revelar o que sabe, simplesmente saiu de cena.


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