O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira (5) a nomeação ao cargo de primeiro-ministro de Michel Barnier, político que liderou as negociações do Brexit na União Europeia de 2016 a 2021.
O anúncio vem dois meses depois de as eleições parlamentares antecipadas convocadas por Macron darem vitória à aliança de esquerda, que, contudo, não assegurou cadeiras o suficiente para governar sozinha, deixando o país num impasse político.
De acordo com o gabinete de Macron, a nomeação “vem após um ciclo sem precedentes de consultas”.
Parece ter pesado na decisão do presidente o fato de que os dois têm visões políticas comuns. Macron também queria se assegurar de que o novo primeiro-ministro não tentaria desfazer reformas aprovadas no passado, especialmente a da Previdência.
A aliança da direita republicana de Barnier ficou em quarto lugar na eleição para a nova Assembleia Nacional, elegendo apenas 66 dos 577 assentos, atrás das alianças da ultradireitista Reunião Nacional (143), do grupo de Macron (168) e da frente de esquerda (182).
Apesar de a esquerda ter obtido mais votos, Macron descartou convidá-los para fazer parte do governo, no que foi apoiado por outros partidos.
Desafios
A nova composição do Parlamento, bastante fragmentada, deve dar trabalho a Barnier e pode levar a uma nova paralisia política do país, caso ele desagrade aos deputados.
No sistema semipresidencialista da França, o presidente e os membros do governo são eleitos separadamente. Um presidente depende de um primeiro-ministro indicado pelo Parlamento para assegurar a governabilidade.
Macron foi reeleito para a presidência em abril de 2022, mas governa com minoria no Parlamento e sob ameaça de um voto de desconfiança dos deputados, o que o obrigaria a dissolver o governo e convocar novas eleições antes do fim de seu mandato, em 2027.
O primeiro desafio de Barnier é orçamentário: o Ministério das Finanças francês alega que é necessário cortar dezenas de bilhões de euros.
Aos 73 anos, com passagens pelo Ministério do Exterior e da Agricultura, ele será o premiê mais velho da história moderna francesa – em contraste com o antecessor, Gabriel Attal, que era o mais jovem no cargo.
O líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon criticou a nomeação, acusando Macron de criar um governo que não reflete a vontade popular.
Já a Reunião Nacional de Marine Le Pen, o maior partido na Assembleia Nacional, disse que não rejeitaria Barnier de imediato caso ele cumpra algumas condições – entre elas o apoio a uma reforma eleitoral e à dissolução do Parlamento o mais rápido possível, algo que poderia acontecer já em julho, um ano depois da nova eleição.
Embora tenha feito carreira como conservador moderado, o novo premiê endureceu o discurso contra a migração em 2021, numa tentativa de se qualificar para a disputa à presidência francesa. A candidatura acabou naufragando por falta de apoio de seu próprio partido. (Com agências internacionais)
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