O governo “sangra” em meio ao escândalo do INSS, mas Lula resiste a demitir ministro da Previdência

Com a costumeira antecedência afirmamos, em matéria publicada na última semana, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria demitir o ministro Carlos Lupi (Previdência Social), considerado o rumoroso escândalo dos descontos associativos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

A fraude, que ultrapassa a marca de R$ 6 bilhões, era de conhecimento de Lupi, que nada fez para interromper a ação criminosa. Em depoimento à Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família na Câmara dos Deputados, na terça-feira (29), o ministro afirmou que ao descontar o valor da mensalidade que associações, confederações e outras entidades da sociedade civil cobram para representar seus associados, o INSS assume o papel de “intermediário” na relação entre as partes.

“Quem quiser se filiar, que se entenda com a entidade. E a associação que quiser manter [o associado], que cobre uma taxa, faça um boleto ou peça para a pessoa fazer um PIX”, declarou Lupi.

“Acho que o governo não deveria se meter nesta relação entre trabalhadores [aposentados] e associações”, continuou Lupi, que, disse ter expressado sua opinião “dentro do governo e nas reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social” antes mesmo do atual escândalo vir à tona. “Mas, [no passado], resolveram colocar o INSS para fazer mais isso [cuidar dos descontos e do repasse às entidades], como se o instituto tivesse pouco trabalho”, completou.

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O ministro defendeu que todos os envolvidos no esquema sejam presos. Reza a sabedoria popular que a melhor defesa é o ataque. É exatamente essa estratégia que Lupi adotou para tentar se eximir da responsabilidade, enquanto governo e oposição pressionam para que ele peça demissão.

O presidente Luiz Inácio da Silva, que é candidato à reeleição e sabe que a aprovação do governo está longe de ser empolgante, deveria exigir demitir Lupi ou, pelo menos, afastá-lo do cargo enquanto durarem as investigações.

Vai além do inaceitável a complacência e o silêncio de Lula diante de um escândalo dessa monta. Tal postura sugere que a cúpula do governo tinha conhecimento a fraude ou alguns “companheiros” se beneficiaram da roubalheira.

A alegação de que Lula não pode demitir Carlos Lupi porque o PDT é um partido da base de apoio é temerária, além de demonstrar a falta de voz de comando do presidente da República.

O governo “sangra” desde a última semana na cena do crime, mas ainda dá tempo de minimizar os devastadores efeitos colaterais do escândalo. Tomando por base que o “Centrão” transformou o Executivo federal em refém permanente e a fraude do INSS é um taque de combustível na fogueira da oposição, Lula está muito atrasado.

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