Equipes de resgate palestinas relataram a morte de mais de 100 pessoas somente nesta quinta-feira (15) nos ataques israelenses à Faixa de Gaza, onde a crise humanitária e a escassez de recursos estão em níveis alarmantes.
O envio de ajuda humanitária a Gaza está suspenso desde 2 de março pelo governo genocida de Benjamin Netanyahu, que objetiva forçar concessões por parte do Hamas.
O grupo islamista, porém, insistiu nesta quinta-feira que a retomada do envio de bens essenciais ao território devastado pela guerra é “o requisito mínimo” para o reinício das negociações.
A Defesa Civil de Gaza informou que o número de mortos nos bombardeios israelenses somente nesta quinta-feira era de ao menos 103.
O bloqueio israelense teve início dias antes retomada das operações militares em Gaza, em 18 de março, que puseram fim ao cessar-fogo que estava em vigor desde meados de janeiro.
Bloqueio agrava crise humanitária
Há várias semanas, agências da Organização das Nações Unidas (ONU) vêm alertando que os estoques de alimentos, água potável, combustíveis e medicamentos atingiram níveis extremamente baixos.
“O bloqueio israelense transcendeu as táticas militares e se tornou uma ferramenta de extermínio”, disse Federico Borello, diretor executivo interino da ONG Human Rights Watch.
Israel afirma que a interrupção do acesso de ajuda humanitária e a maior pressão militar visam forçar o Hamas a libertar os reféns que ainda estão sob seu poder, desde que foram capturados nos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que desencadearam a guerra em Gaza.
No entanto, Basem Naim, alto integrante do Hamas, afirmou que a permissão para a entrada de ajuda em Gaza era “o requisito mínimo para um ambiente de negociação propício e construtivo”. “O acesso a alimentos, água e medicamentos é um direito humano fundamental; não é um assunto para negociação”, acrescentou.
A ONU estima que 70% do território da Faixa de Gaza seja atualmente parte da zona proibida declarada por Israel ou esteja sob ordem de evacuação.
Hamas diz negociar diretamente com os EUA
Basem disse que o Hamas está em contato “diretamente com algumas pessoas no governo americano” para tratar das condições para o fim dos bombardeios israelenses em Gaza.
Ele explicou que o Hamas quer “uma troca de prisioneiros, a retirada total das forças israelenses, permitindo que toda a ajuda chegue a Gaza e a reconstrução da Faixa de Gaza sem imigração forçada”.
O representante do Hamas também confirmou que o Hamas estaria disposto a renunciar ao comando de Gaza, que mantém desde 2006, em troca de suas exigências. “Também dissemos aos americanos que estamos prontos para, novamente, entregar o governo imediatamente se chegarmos ao fim desta guerra”, destacou.
Nos últimos dias, os EUA negociaram a libertação de Edan Alexander, cidadão americano e israelense sequestrado pelo Hamas.
Sua libertação foi vista como um gesto de aproximação com os Estados Unidos. O Hamas espera que Trump pressione o governo israelense a concordar com um acordo que inclua o fim permanente da guerra em Gaza.
Oficialmente, o governo americano não tem contato direto com a organização, que classifica como um grupo terrorista. No entanto, relatos de conversas diretas entre o Hamas e o governo americano surgiram em março. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, pareceu confirmá-los ao dizer que o enviado do governo Trump, Adam Boehler, estava autorizado a falar com qualquer pessoa.
ONU critica iniciativa humanitária dos EUA
A Fundação Humanitária de Gaza, ONG apoiada pelos EUA, afirmou que começaria a distribuir ajuda humanitária em Gaza ainda neste mês, após conversas com autoridades israelenses. A ONU, porém, descartou nesta quinta-feira qualquer envolvimento com a iniciativa.
“Como afirmamos repetidamente, este plano de distribuição em particular não está de acordo com nossos princípios básicos, incluindo os de imparcialidade, neutralidade e independência, e não participaremos disso”, disse o porta-voz da ONU, Farhan Haq.
A “zona de liberdade” de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em visita ao Oriente Médio, cogitou novamente a possibilidade de seu país tomar o território palestino. No Qatar, Trump disse que ficaria “orgulhoso de que os Estados Unidos a tenham, a tomem e a tornem uma zona de liberdade”.
Seus comentários ecoaram a ideia apresentada por ele mesmo em fevereiro, de que os Estados Unidos deveriam tomar posse do território e transformá-lo na “Riviera do Oriente Médio”.
Por sua vez, Naim disse que “Gaza é parte integrante das terras palestinas; não é um imóvel à venda no mercado aberto”.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, informou que 2.876 pessoas foram mortas desde que Israel retomou os ataques em 18 de março, elevando o número total de óbitos na guerra para 53.010.
Os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas. Dos 251 reféns feitos durante o ataque, 57 permanecem em Gaza, incluindo 34 que, segundo os militares israelenses, estão mortos. (Com agências internacionais)
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