Operação Zelotes: em Brasília cresce a desconfiança diante da não prisão da ex-ministra Erenice Guerra

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A Operação Zelotes (Polícia Federal, Receita e Ministério Público Federal) tem ingredientes de sobra para provocar rumorosas surpresas de agora em diante, pois alguns dos investigados continuam em liberdade. A operação desmontou um esquema criminoso no Conselho Administrativo de recursos Fiscais (CARF), onde propinas milionárias negociadas para anular ou reduzir multas tributárias.

Em Brasília, cada vez mais trepidante por conta dos muitos escândalos de corrupção, pessoas que gravitam na órbita mais restrita da política nacional garantem que o imbróglio do CARF é muito maior do que o Petrolão, pelo menos em termos de prejuízo ao Estado.

Um dos alvos da Zelotes, Erenice Alves Guerra, ex-chefe da Casa Civil da Presidência, ainda não foi incomodada pela Polícia Federal, mas essa visita pode acontecer a qualquer momento. No meio político, na capital dos brasileiros, causa estranheza o fato de Erenice ter sido poupada até agora, pois muitos creem que não há como negar a relação da outrora “braço direito” da presidente Dilma Rousseff com José Ricardo da Silva, preso na mais recente fase da Zelotes.

José Ricardo, de acordo com mandado de busca e apreensão expedido pela 10ª Vara da Justiça Federal, foi apontado como sócio do lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como “APS”, também preso na última segunda-feira (26).

Em outra operação, defalgrada em abril, a Polícia Federal apreendeu uma procuração que confirma a atuação de Erenice Guerra, em parceria com José Ricardo Silva, para defender, no CARF, os interesses do capítulo brasileiro da Huawei, gigante chinês da área de telecomunicações. A Huawei discute no órgão ligado ao Ministério da Fazenda um débito de R$ 705,5 milhões, fruto de cobranças feitas pela Receita Federal.

Nos documentos aparece o suposto prêmio a ser pago a Erenice em caso de êxito: 1,5% do valor que a empresa deixaria de recolher aos cofres federais. Considerando a hipótese de a mencionada cobrança da Receita ser anulada na totalidade, a remuneração de Erenice seria de R$ 10 milhões. Coincidência ou não, o contrato com a Huawei foi selado em 2013, sendo que José Ricardo permaneceu como conselheiro do CARF até fevereiro de 2014.

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