Quase meio milhão de migrantes ilegais chegaram à Grécia nos últimos três meses de 2015, informou nesta quinta-feira (10) a missão europeia de fronteiras, Frontex. A maioria teria tomado a chamada rota dos Bálcãs rumo a outros países da União Europeia.
A agência registrou 484 mil casos na rota do leste do Mediterrâneo até a Grécia, através da Turquia, entre outubro e dezembro do ano passado, e 466 mil na rota dos Bálcãs. Muitos destes teriam atravessado a fronteira da Croácia, através da Sérvia, para reingressar no território da União Europeia (UE).
Esses dados elevaram o número de travessias ilegais da fronteira da UE para 978,3 mil no último trimestre de 2015, atingindo um novo recorde desde que a Frontex iniciou a coleta de dados, em 2007. Dos que chegaram à Grécia, majoritariamente nas ilhas próximas à costa da Turquia, 46% eram de refugiados sírios, e 28%, de afegãos.
A agência registrou uma queda na chegada de migrantes à Itália a partir da Líbia, mas observou, em contrapartida, um aumento dos que partiram do Marrocos rumo à Espanha, ainda que a quantidade desses casos seja considerada baixa.
Foram registradas 2,8 mil travessias ilegais através da rota do oeste do Mediterrâneo no último trimestre de 2015, configurando um número recorde para essa época, duas vezes maior do que no mesmo período de 2014.
Turquia: acordo não é retroativo
O ministro turco para Relações com a União Europeia, Volkan Bozkir, afirmou nesta quinta-feira que o acordo firmado entre Ancara e Bruxelas no início da semana, que prevê a readmissão de migrantes em solo turco, não é válido para os que já se encontram na Grécia, mas apenas para os que lá chegarem após o pacto entrar em vigor.
Citado pela agência estatal de notícias Anadolu, Bokzir disse que o número de migrantes que o país aceitará de volta será de milhares ou dezenas de milhares, mas não de milhões.
Ele afirmou que seu país vai cumprir suas obrigações para obter a liberação dos vistos de viagem para a UE até o dia 1º de maio. O bloco prometeu enviar 6 bilhões de euros para ajudar a Turquia a lidar com o grande fluxo de refugiados e acelerar as conversações sobre o processo de adesão do país à UE.
Ancara, por sua vez, se comprometeu a conter o fluxo migratório para o continente. Mais de 130 mil migrantes teriam chegado à Europa nos primeiros meses de 2016, segundo estimativas da ONU. (Com agências internacionais)