O ditador cubano Fidel Castro respondeu nesta segunda-feira (28) com duras críticas à recente visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Havana, ocorrida na última semana. Em artigo de opinião publicado no jornal estatal Granma, veículo oficial do comunismo cubano, Fidel acusou o norte-americano de usar palavras açucaradas para tentar persuadir o povo cubano e ignorar os feitos do regime comunista.
Um dos objetivos da visita de Obama foi de consolidar a distensão em andamento entre os ex-rivais da Guerra Fria, e o presidente americano afirmou em discurso ao povo cubano que esse é o momento para as duas nações colocarem o passado para trás e enfrentarem o futuro “como amigos, vizinhos e família, juntos”.
Em seu artigo intitulado “El Hermano Obama” (O irmão Obama, em tradução livre), Castro frisou que os cidadãos cubanos correm o risco de sofrer “um ataque cardíaco ao ouvir essas palavras” de reconciliação do americano. O ex-líder repudiou os comentários de Obama e lembrou aos cubanos os esforços dos americanos para enfraquecer o governo comunista da ilha.
“Depois de um bloqueio cruel que durou quase 60 anos, as mortes em ataques mercenários a barcos e portos cubanos, a explosão em pleno voo de um avião de linha aérea repleto de passageiros, invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?”, se perguntou o lendário revolucionário cubano de forma retórica.
Castro, de 89 anos, encheu seu artigo de opinião com sentimentos nacionalistas e, comentando a ajuda a Cuba oferecida pelos EUA, afirmou que o país tem capacidade de produzir comida e bens materiais necessários com o esforço de seu próprio povo. “Não precisamos que o império nos dê nada”, escreveu.
Fidel Castro tomou o poder em uma revolução em 1959 e governou a ilha caribenha até 2006, quando adoeceu e transferiu o controle para seu irmão Raúl Castro. Atualmente, ele vive em relativo isolamento, mas ocasionalmente escreve artigos de opinião e é visto em fotos ou vídeos durante visitas de autoridades estrangeiras.
Obama não chegou a se encontrar com Fidel durante a estada de três dias em Cuba, nem o mencionou em qualquer uma das suas aparições públicas. Essa foi a primeira visita de um presidente dos EUA em exercício à ilha em 88 anos. (Com agências internacionais)