Divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC), o Boletim Focus trouxe em sua edição desta segunda-feira (28) novas e piores informações acerca da economia brasileira, que há muito está no cadafalso da crise.
De acordo com os economistas consultados pelo BC, em 2016 a queda do Produto Interno Bruto (PIB) chegará a 3,66%, número preocupante e que pode crescer com o avanço do tempo, já que o governo de Dilma Rousseff não dá sinais de disposição para investimentos em infraestrutura, o que poderia aliviar o cenário atual. Na semana anterior, a previsão para o PIB era de 3,6%.
A previsão do mercado é mais pessimista que a do governo, que espera uma retração de 3,05%, após a queda de 3,8% no ano passado, o pior resultado nos últimos 25 anos.
Os analistas ainda agudizaram o quadro econômico para o próximo ano, quando o PIB deve crescer 0,35%, contra os 0,44% da previsão anterior. Considerando que para o final de 2017 ainda faltam 21 meses, não causará surpresa se o indicador também for negativo, pois por enquanto não há perspectiva de melhora da economia para os próximos meses.
Para que o leitor consiga avaliar a extensão da crise que o governo insiste em maquiar, 4.451 indústrias de transformação fecharam as portas somente em 2015, número 24% superior ao de 2014, quando 3.584 fabricantes deixaram de operar, segundo a Junta Comercial do Estado (JUCESP).
No caso de esses índices se confirmarem em 2016, a economia brasileira acumularia dois anos de números vermelhos pela primeira vez desde 1930.
Em relação à inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os especialistas reduziram a projeção de 7,43% para 7,31%. Trata-se do terceiro recuo consecutivo do indicador.
Não se pode comemorar essa nova projeção para o IPCA deste ano, uma vez que esse recuo decorre da queda no consumo, já que o poder de compra dos salários tem sido corroído com o passar do tempo e a confiança do consumidor em relação ao futuro vem caindo de forma sistemática. Fora isso, a aposta dos economistas para a inflação oficial está acima do teto (6,5%) do plano de metas estabelecido pelo governo.
Para 2017, a estimativa do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 6%, longe da meta central de 4,5% estabelecida para o próximo ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Eliminando qualquer possibilidade de euforia diante do acanhado recuo do IPCA, os economistas apostam em manutenção da taxa básica de juro, a Selic, nos atuais 14,25% até o fim deste ano. Isso significa que o governo dificilmente terá condições de reverter a crise, sem contar a ameaça de eventual recuperação do fôlego por parte da inflação.