Lava-Jato: grata por propina, Gleisi acusa procuradores de “violência nunca vista” contra Lula

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A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) por certo reúne um pouco de todas as acusações que lhe imputam, mas é preciso reconhecer que a petista cultiva o nobre sentimento da gratidão (sic). Acusada pelo ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), delator na Operação Lava-Jato, de ter embolsado, em 2010, propina de R$ 1 milhão, com autorização direta de Lula, a senadora não se cansa de defender o dramaturgo do Petrolão. Tarefa reconhecidamente árdua e ingrata.

Em pronunciamento na tribuna do Senado, na segunda-feira (19) Gleisi, com o costumeiro exagero e a persistente estridência, classificou de “violência” a denúncia tornada pública pelo Ministério Público Federal, na última semana, contra o ex-presidente Lula, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista.

Além disso, na explanação que precedeu a denúncia, Lula também foi apontado como “comandante máximo” da organização criminosa montada pelo PT para saquear as estatais brasileiras, condição criminosa que os procuradores da Lava-Jato chamaram de “propinocracia”.

Gleisi disse, em plenário, que a denúncia foi na verdade um “ato de condenação” feito de forma cinematográfica e o resultado é que “o Brasil e o mundo ficaram impactados” com o discurso político, a ação acusatória, a condenação e a punição pública do ex-presidente, a cargo do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lavo-Jato em Curitiba. E, segundo a petista, quem gostou disso foram aqueles que são contra o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula.

“Mas os que acreditam no Estado de Direito, os que acreditam na democracia ficaram estarrecidos diante do comportamento do Ministério Público Federal, coisa não vista em nenhum momento da nossa história. E os apoiadores do presidente Lula, além de estarrecidos, ficaram, ficamos, todos indignados. O que nós assistimos foi um verdadeiro atentado à dignidade humana, à dignidade humana do presidente Lula, da dona Marisa e da sua família”.


Esqueceu a parlamentar paranaense que a dignidade de Marisa Letícia não foi objeto da preocupação de Lula quando, segundo versões correntes, teria mantido um rumoroso “affair” com Rosemary Noronha, então responsável pelo escritório paulistano da Presidência da República.

Sobre procuradores que, supostamente atentam contra a dignidade humana, coisa supostamente nunca vista, a senadora também esqueceu os procuradores da República alinhados ideologicamente com o PT, em especial, Luiz Francisco Fernandes de Souza, que, sabe-se lá como, encontrava motivos para denunciar Fernando Henrique Cardoso pelo menos uma vez por semana.

Gleisi, assim como qualquer cidadão, tem direito ao chamado “jus sperniandi”, podendo inclusive criticar a denúncia contra Lula, mas o preâmbulo da mesma foi não uma radiografia do acintoso esquema de corrupção instalado no País com a chegada do PT ao poder central, mas uma resposta à fuzarca sensacionalista e desesperada do próprio denunciado, que usa seus advogados para espalhar a tese, mundo afora, de que é um perseguido político.

A senadora deveria aconselhar seu ídolo político a não abusar da retórica mentirosa e sensacionalista, mas, sim, centrar esforços na explicação sobre como consegue bancar os honorários de uma cara equipe de advogados, além da contratação do advogado australiano Geoffrey Robertson, um dos maiores especialistas em direitos humanos do planeta. Robertson tem escritório em Londres e é cossignatário da representação feita pelo petista no Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

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