Brasileiros precisam pressionar Michel Temer desde já para vetar medida que ameaça a Lava-Jato

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Aprovada na calada da madrugada desta quarta-feira (30), como se fosse um acerto espúrio entre delinquentes profissionais, a emenda que ameaça a Operação Lava-Jato e pune juízes e promotores de Justiça por abuso de autoridade tem em seus escopo itens inconstitucionais. O que permite sonhar com eventual derrubada da medida no Supremo Tribunal Federal (STF).

Contudo, antes de chegar à Corte, o desfigurado projeto de combate à corrupção precisa ser aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente da República. É nesta última etapa que reside a esperança dos brasileiros de bem, pois Michel Temer, em entrevista coletiva concedida na manhã do último domingo (27), disse que em hipótese alguma patrocinaria a anistia ao caixa 2 ou qualquer medida que colocasse em risco a Lava-Jato. E fez tal afirmação ao lado dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Renan Calheiros e Rodrigo Maia, respectivamente.

Se a crise política já é grande e preocupante, de agora em diante poderá crescer sobremaneira. A razão para isso é que, caso o Senado aprove o malfadado projeto, Temer estará diante de uma complexa encruzilhada.

Senhor de pífios índices de aprovação popular, o presidente da República poderia cair nas graças da população se vetasse medidas do projeto que comprometem o combate à corrupção. Ao mesmo tempo, ficando do lado da força-tarefa da Lava-Jato, Michel Temer arrumaria sérios problemas de relacionamento com a chamada base aliada, comprometendo, inclusive, a aprovação de medidas que visam tirar o Brasil da crise econômica. Afinal, estaria decidindo contra aqueles que o ajudaram a chegar ao principal gabinete do Palácio do Planalto.


No contraponto, se ficar do lado dos parlamentares, em especial dos investigados por corrupção, Temer arrumará um enorme problema com a opinião pública, que certamente sairá às ruas para pedir sua imediata saída do cargo.

Em caso de veto à covarde e rasteira medida que favorece a corrupção, o mesmo estaria sujeito à análise do Congresso Nacional, que pode mantê-lo ou derrubá-lo. Mas com a pressão da opinião pública nenhum parlamentar ingressará na seara do suicídio político.

A situação não é das mais confortáveis, mas se Michel Temer quiser entrar para a história do País pela porta da frente, o melhor que tem a fazer é vetar as bizarrices contidas na emenda apresentada pelo enrolado deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA), que, é importante destacar, não apenas votou contra o impeachment de Dilma Rousseff, mas defendeu a petista de forma tão irresponsável quanto servil.

Às vistas grossas a decisão sobre o polêmico tema está nas mãos do presidente da República, mas apenas aparentemente. Na realidade, o poder de decisão está nas mãos dos brasileiros cansados de tanta roubalheira. Basta que façam pressão firme e contínua sobre o presidente, que de certo não sancionará um projeto que é um escancarado golpe contra a democracia.

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