Triunfo de partido ultradireitista, xenófobo e eurocético inaugura nova era política na Itália

O líder da Liga Norte, legenda populista eurocética e anti-imigração, não deixou dúvidas sobre sua intenção após o triunfo eleitoral na Itália: Matteo Salvini (à direita na foto) quer se tornar primeiro-ministro e liderar a coligação de direita, depois de ter superado Silvio Berlusconi e seu (comparativamente) moderado partido Força Itália.

O partido de Salvini chegou a 17% dos votos, enquanto Berlusconi recebeu apenas 14%. Juntamente com duas legendas menores de extrema direita, a coligação nacionalista obteve 37% dos votos – um significativo triunfo eleitoral, mas insuficiente para formar um governo.

Para governar, será preciso um parceiro de coalizão. E Salvini deixou em aberto quem poderia ser. Ele preferiu enaltecer o dia histórico. “Os italianos votaram a favor da libertação da União Europeia”, disse. Em suas palavras, nem Bruxelas, nem Berlim, nem Paris vão ditar nada aos italianos no futuro.

Luigi Di Maio, candidato e líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S), esteve à frente do melhor resultado individual de um partido, com 32% dos votos. “Embora esteja chovendo, é um dia ótimo para nós”, disse Maio, em Roma. No entanto, ele também deixou aberto com qual legenda ou aliança ele buscará formar uma coalizão.

Obviamente, ele também reivindicou o direito de governar com seu movimento populista, que foi iniciado há nove anos como um mero protesto de um comediante. “Temos a responsabilidade de iniciar o projeto de formar um governo”, afirmou Di Maio.

Ele tem adotado um tom menos radical do que os direitistas. “É tudo tática. Ele quer parecer com um estadista”, disse um analista à emissora italiana RAI.


Impasse não é novidade

Eleitores, especialistas e meios de comunicação estão agora quebrando a cabeça sobre como as coisas seguirão na Itália depois do amplo avanço de populistas de direita e do movimento anti-establishment.

Amalia Losario, uma jovem eleitora de Roma, disse achar muito bom o resultado da eleição. Ela votou na Liga Norte, porque se sente “enganada pelos governantes social-democratas em torno do ex-premiê Matteo Renzi”.

No entanto, ela admite que uma coalizão de governo será extremamente difícil, não importa em qual direção do espectro. “Acredito que uma coalizão entre os populistas do Movimento Cinco Estrelas e a Liga Norte de Salvini seja impossível. Eles são muito diferentes”, afirmou.

Já o eleitor Angelo Cannizzaro demonstrou uma inclinação maior ao Movimento Cinco Estrelas. Ele disse que já esperava esse resultado, em que os principais grupos partidários se bloqueiam na formação de um governo.

“Com o bom resultado, é a hora de o Movimento Cinco Estrelas ir em busca de um parceiro. Eles deveriam finalmente amadurecer, levantar da cadeira e se mexer”, afirmou.

Entre os eleitores em Roma nesta segunda-feira (05/03), poucos se mostraram preocupados com a iminente paralisação e a crise governamental.

“No final, os partidos vão buscar regalias e selar um acordo qualquer. Algo tem que mudar. Ou o Movimento Cinco Estrelas ou a Liga Norte têm que dar uma limpada no sul”, disse Arianne Fusta, originária da Sicília. (Deutsche Welle)

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