Para evitar intifada árabe, Bolsonaro diz que mudança de embaixada para Jerusalém “não está decidida”

O período eleitoral chegou ao fim no exato momento em que a vitória de Jair Bolsonaro foi confirmada. Naquele instante, a adoração ao presidente eleito deveria ter acabado, mas seus seguidores insistem em prorrogar esse culto à imagem de alguém que se apresentou à população como salvador da pátria.

É chegada a hora de recolocar os pés no chão, recobrar a consciência e admitir que derrotar o PT nas urnas não soluciona os inúmeros problemas nacionais. É preciso competência e seriedade para tal, pois de fanfarronice o território luciferiano está cheio.

Estar na Presidência da República exige estofo e sabedoria, além de moderação ao falar. Algo a que Jair Bolsonaro não é muito afeito, até porque sua trajetória política foi marcada por polêmicas e destemperos discursivos. O que foi dito e prometido durante a campanha, como forma de ludibriar a opinião pública e angariar votos, ficou para trás. A partir de agora a ordem é pensar no Estado como um todo. Por isso o comedimento é importante para evitar efeitos colaterais desnecessários.

Há algumas semanas, o editor do UCHO.INFO afirmou no programa “QUE PAÍS É ESSE?” que a insistência de Bolsonaro em disparar salamaleques na direção de Israel traria sérios problemas comerciais ao Brasil. Seus seguidores, por questões óbvias e esperadas, recorreram às ofensas, como se nossas argumentações nada valessem. Diferentemente do que pensam seus eleitores, não se trata de torcer contra, mas a favor, cobrando de maneira responsável postura coerente por parte do eleito.

Afirmou o jornalista que não demoraria muito para os países árabes repudiarem as seguidas “declarações de amor” de Jair Bolsonaro ao Estado de Israel, o que viria em forma de ameaças comerciais. Como previsto, o alvo principal foi o setor brasileiro de exportação de carnes.


O sinal amarelo intermitente mudou para a cor vermelha quando Bolsonaro, já na condição de presidente e leito, reiterou sua intenção de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.

O Oriente Médio compra 5,3% de todo o valor exportado pelo Brasil, especialmente carnes. Ao longo dos últimos 12 meses, o Brasil embarcou US$ 11,6 bilhões para os países da região (são 24 países ao todo). Ou seja, quase US$ 1 bilhão a cada mês. O saldo dessa balança está positivo em US$ 7,7 bilhões.

Por outro lado, a participação de Israel nesse contexto comercial é bem modesta. As exportações nacionais para o mercado israelense foram de apenas US$ 256 milhões, ou seja, 0,14% do total exportado para os países árabes. Ao longo de 12 meses, o Brasil registra déficit de US$ 527 milhões na relação comercial com os israelenses.

Como a balança comercial fala mais alto, Bolsonaro foi aconselhado por alguém da sua assessoria a rever o plano de mudar a embaixada do Brasil em território israelense, antes que fosse tarde e o estrago se consumasse. Diante disso, o presidente eleito remodelou o discurso e afirmou nesta terça-feira (6) que a decisão de mudar a representação diplomática brasileira em Israel não é definitiva.

“Não é um ponto de honra essa decisão. Agora, quem decide onde é a capital de Israel é o povo, o Estado de Israel. Se eles mudaram de local…”, disse Bolsonaro.