(*) Carlos Brickmann
“Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”. O autor da frase, Octavio Mangabeira, foi modesto: no Brasil todo há precedentes de tudo.
Grupos do PT articulam a indicação de Lula ao Prêmio Nobel da Paz. Bom, se for contemplado, ficará ao lado de Obama, que ganhou o prêmio ao chegar à Casa Branca e foi o primeiro presidente americano a passar em guerra todos os dias de seus dois mandatos. Mas o objetivo dos lulistas não é figurar na galeria ao lado de Obama, que afinal de contas era presidente “duzianqui” e o surpreendente líder “dos galeguinho di zóio azul”: é criar um paralelo com Nelson Mandela, que saiu da prisão para dirigir a África do Sul, e deixar mal o Governo, que teria de soltar Lula para receber o prêmio ou mantê-lo preso enquanto o Comitê Nobel tentaria homenageá-lo.
Em Sinop, no Mato Grosso, a mãe foi a um bar com amigos e deixou os quatro filhos pequenos sozinhos. Ao voltar, viu um homem de 36 anos nu na cama com sua menina de cinco anos. Espancou-o com cabo de vassoura e cano de PVC. O cavalheiro foi para o hospital. Ela foi presa por agressão. Lembra um caso recente, em que os mesmos bandidos invadiram a mesma casa três vezes, roubando tudo e espancando os moradores. Na terceira, o dono da casa tomou o revólver de um bandido e matou-os. Foi preso na hora, pela mesma polícia que, enquanto ele era assaltado repetidas vezes, não tinha sequer sido vista nas proximidades do local dos crimes.
Bobeou, dançou
O ator José de Abreu pisou em falso: em seu Twitter, acusou o Mossad, serviço secreto israelense, de ter tramado e executado um atentado falso a Bolsonaro, com a cumplicidade do Hospital Israelita Albert Einstein, onde o então candidato, segundo ele, se fingiu em risco. A prova disso, disse Abreu, é que o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu veio ao Brasil para a posse de Bolsonaro. Vieram também dezenas de chefes de Estado e de Governo, mas não eram judeus, e Abreu não quis culpá-los.
A reação
O Einstein, um dos melhores hospitais do país, internacionalmente reconhecido pela qualidade de seus serviços, foi difamado: Abreu lhe atribuiu comportamento criminoso, por dizer que as cirurgias que salvaram a vida de Bolsonaro eram apenas parte de uma farsa. E ainda nesta semana o Einstein entra com queixa-crime, por difamação, contra José de Abreu. Propõe também ação civil de reparação de dano moral, sendo a indenização destinada a obras beneficentes. Na ação civil, os advogados do Einstein são Hilton e Décio Milnitzki. Na criminal, o caso está com o escritório de Carlos Kauffmann.
Tentando escapar
José de Abreu postou a mensagem em que culpa os judeus pelo atentado a Bolsonaro e, não muito tempo mais tarde, a retirou. Mas a mensagem já tinha sido gravada: Abreu se esqueceu de que, depois de desferida, não há como esconder a difamação, nem fazê-la simplesmente desaparecer.
Igualdade seletiva
Hélio Negão, o negro mais bem votado nessas eleições, com pouco mais de 345 mil votos, tomou posse como deputado federal do Rio sem notícias especiais, sem manifestações do movimento negro, sem ONGs a apoiá-lo. Há motivo para essa indiferença: Hélio Negão é negro, luta contra o racismo, mas é do PSL, partido de Bolsonaro. E sofre agressões por isso, de cunho discriminatório: um músico ligado a partido adversário o chamou de “Negão do Bolsonaro”. Pelo jeito, um cidadão negro tem o direito de votar em quem quiser, desde que seja no partido dos bem-pensantes.
O grande dia
Sim, a previsão existe – mas nunca se sabe, pois Bolsonaro diz e desdiz, é desmentido por auxiliares de primeiro e segundo escalões, o que fala não se escreve (talvez um Twitter, mas nem isso é definitivo). Enfim, prevê-se que as ideias do Governo sobre Previdência sejam reveladas na quarta-feira. O Governo está no início, mas o assunto é urgente: ou consegue votá-lo ainda sob o impacto da vitória eleitoral ou fica para o longínquo futuro.
Olha a chance!
Bolsonaro, falando na posse de presidentes de bancos estatais, prometeu dividir a verba oficial de publicidade de acordo com o retorno oferecido pelos veículos. Perde uma oportunidade única: a de cortar dramaticamente a gigantesca verba de publicidade, mantendo-a apenas para as empresas federais que disputem mercado. As monopolistas, para que publicidade? O Governo, para que publicidade? Para dizer que o presidente come cachorro-quente e hambúrguer? Este colunista também come e não é nem candidato.
Que cada veículo lucre com consumidores e patrocinadores – e apenas eles.
Faz-se a luz
Palocci está depondo sobre fundos de pensão. Ele conhece.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.