EUA superam a marca de 200 mil mortes pela Covid-19; Trump continua minimizando ação do coronavírus

 
Os Estados Unidos ultrapassaram nesta terça-feira (22) a marca trágica de 200 mil mortes em decorrência do novo coronavírus, o número mais alto de todo o planeta e uma soma inimaginável oito meses atrás, quando houve a confirmação do primeiro caso de Covid-19 em território americano.

De acordo com contagem mantida pela Universidade Johns Hopkins, os EUA registraram ao todo 200.252 óbitos, entre um total de 6,87 milhões de infectados pelo vírus Sars-CoV-2 no país.

Os EUA já figuram há cinco meses como a nação com o maior número absoluto de mortos pela Covid-19, à frente do Brasil, que soma oficialmente 137.272 vítimas, e da Índia, com 88.935. Em número de casos, o país é seguido por Índia (5,56 milhões de infecções) e Brasil (4,55 milhões).

Ao todo, os EUA com contam menos de 5% da população global, mas respondem por 20% das mortes registradas pelo novo coronavírus em todo o planeta. Ao somar 200 mil vítimas, é como se tivesse sido palco de um ataque como o de 11 de setembro por dia durante 67 dias.

Os números da principal potência econômica têm como base os dados fornecidos pelas autoridades de saúde do país, mas estima-se que as cifras reais sejam muito maiores, em parte porque muitas mortes por Covid-19 foram provavelmente atribuídas a outras causas, principalmente no início da epidemia, antes das testagens generalizadas.

E as mortes continuam a subir: os números oficiais chegam a cerca de 770 vítimas por dia, em média. Uma projeção da Universidade de Washington prevê que o total de mortos no país deverá dobrar para 400 mil até o final do ano, à medida que escolas e faculdades reabrem, e as temperaturas caem com a chegada do outono/inverno.

“A ideia de 200 mil mortos é realmente muito preocupante, em alguns aspectos, impressionante”, afirmou o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, principal conselheiro do presidente Donald Trump para o combate à pandemia.

Por sua vez, Jennifer Nuzzo, pesquisadora em saúde pública da Universidade Johns Hopkins, disse ser “completamente incompreensível que tenhamos chegado a este ponto”, levando em conta que os Estados Unidos eram considerados o país mais preparado para enfrentar crises de saúde.

Os EUA figuram em primeiro lugar no chamado Índice de Segurança de Saúde Global, ranking de 194 nações que mede a prontidão para lidar com crises sanitárias. A liderança se deve, por exemplo, a seus laboratórios e cientistas de primeira linha e seus estoques de medicamentos e suprimentos de emergência.

 
Críticos afirmaram que as estatísticas expõem o fracasso do governo Trump em cumprir seu teste mais importante antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.

“Devido às mentiras e a incompetência de Donald Trump, nos últimos seis meses vimos uma das perdas de vidas americanas mais graves da história”, declarou o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, na segunda-feira (21).

“Com essa crise, que exigiu uma liderança presidencial séria, ele simplesmente não esteve à altura. Ele congelou… e os Estados Unidos pagaram o pior preço de qualquer nação do mundo”, disse Biden.

“Vírus da China”, ataca Trump

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Enquanto insiste que os EUA já estão “dobrando a esquina” em relação à pandemia, Trump tem grandes esperanças de que a rápida aprovação de uma vacina contra a Covid-19 pode aumentar suas chances de reeleição, o que não é verdade.

“Distribuiremos uma vacina, derrotaremos o vírus, acabaremos com a pandemia, e entraremos em uma nova era de prosperidade, cooperação e paz sem precedentes”, afirmou o presidente em discurso gravado e exibido na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.

Trump havia declarado anteriormente que até abril do próximo ano a maioria dos americanos já poderá ter acesso à imunização, se assim desejarem. Contudo, grande parte dos especialistas argumenta que apostar em vacinas não é uma estratégia viável.

Também em seu discurso na ONU, o presidente dos EUA voltou a atacar o governo chinês ao chamar o novo coronavírus de “vírus da China”, exigindo que Pequim seja responsabilizado por “soltar essa praga no mundo”. O embaixador chinês rejeito as acusações, classificando-as como infundadas.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Trump foi um dos poucos líderes globais a adotar estratégia de negar ou minimizar a gravidade da doença, anunciando noções infundadas sobre o comportamento do vírus, promovendo tratamentos não comprovados ou perigosos, reclamando que os EUA faziam testes demais e transformando a questão das máscaras numa questão política.

Em 10 de abril, o presidente previu que os Estados Unidos não chegariam às 100 mil mortes, mas esse número foi atingido em 27 de maio.

Ao todo, o planeta já registrou mais de 31 milhões de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e mais de 966 mil vidas perdidas em decorrência da Covid-19, segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins. (Com agências internacionais)

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