Repetindo o comportamento do seu ídolo maior, o norte-americano Donald Trump, derrotado em sua tentativa de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro insiste em abusar da dissimulação e do negacionismo, estratégia tosca e populista que serve para manter coesa a base de insanos apoiadores.
Bolsonaro, que desde o início da pandemia do novo coronavírus vem minimizando os efeitos da Covid-19, doença que chamou em determinado momento de “gripezinha” e “resfriadinho”, agora classifica a possibilidade de uma segunda de contágio como “conversinha”.
Nesta sexta-feira (13), ao conversar com os abduzidos apoiadores que diariamente se aglomeram à porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro falou sobre a Covid-19 e exaltou a atuação do governo no combate à pandemia, com foco na questão econômica, não na saúde dos cidadãos. O presidente misturou assuntos ao falar sobre a Covid-19 e disse que é preciso “enfrentar” a doença.
“Vocês vejam o que era antes, como eram os ministérios, como tudo era aparelhado no Brasil, e como estão funcionando apesar dessa pandemia aí, que nos fez gastar mais de R$ 700 bilhões”, disse Bolsonaro. “E agora tem a conversinha de segunda onda. Tem que enfrentar se tiver (segunda onda). Se quebrar de vez a economia, seremos um País de miseráveis. Só isso”, completou.
Vale ressaltar que o aparelhamento dos ministérios é assunto sem nexo causal com o combate à pandemia. Sobre o tema, Bolsonaro deveria fazer um exame de consciência e, imbuído de coragem, admitir que o aparelhamento dos ministérios foi substituído de forma torpe pela distribuição de cargos a apadrinhados de corruptos conhecidos, apenas porque ele próprio precisa comprar apoio no Congresso Nacional para evitar um iminente processo de impeachment.
Em relação ao funcionamento dos ministérios, mesmo que em movimento trôpego, é o mínimo que se pode esperar mediante a criminosa carga tributária – uma das maiores do planeta – colocada insistentemente sobre o dorso do contribuinte brasileiro, que continua à espera da devida contrapartida.
No tocante aos recursos destinados ao auxílio emergencial, o presidente da República deveria saber que o dinheiro é do povo brasileiro, não de um governo pífio e gazeteiro, que faz da mentira e do deboche armas para avançar sobre adversários políticos e inimigos ideológicos.
Sobre uma possível segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus, situação que não deve ser descartada no Brasil, já que os principais e mais elitizados hospitais privados da capital paulista registram disparada de internações por Covid-19, Bolsonaro precisa compreender que não há como ignorar as questões da ciência, da mesma forma que é impossível impedir o avanço do vírus SARS-CoV-2 em um país cujo presidente ignora e desrespeita as regras de isolamento e chama de “maricas” os que teme a doença.
Do alto de sua conhecida ignorância, Bolsonaro pode usar o vernáculo que quiser para classificar uma possível segunda onda de Covid-19, que tem levado países da Europa à adoção de medidas restritivas severas, mas é preciso reconhecer que, tirante a irresponsabilidade genocida do presidente da República, não se deve esperar algo diferente, pois o governo não se preocupou em testar a população para o novo coronavírus, assim como se recusou a monitorar os que contraíram a doença, o que teria evitado dezenas de milhares de internações e mortes.
Senhor de verborragia trêfega e sempre golpista, Bolsonaro age como gabarola de suas estultices para fazer a alegria da súcia que o apoia, ao mesmo tempo em que, a reboque de negacionismo criminoso, empurra na direção dos espinhos do coronavírus o incauto cidadão que continua a confiar em um populista sórdido. E por falar em “conversinha”, não há” conversinha” pior do que a desse desgoverno que aí está.
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