Ao aprovar convocação de Mandetta, Teich e Pazuello, CPI da Covid coloca Jair Bolsonaro “nas cordas”

 
Caso a CPI da Covid, que mal começou, terminasse dentro de três ou quatro semanas, o estrago no governo do negacionista Jair Messias Bolsonaro seria devastador e tiraria o sono dos palacianos por muitas madrugadas. Mesmo com mesmo com alguns aguerridos e subservientes senadores integrando a comissão, o Palácio do Planalto tem colecionado derrotas ruidosas no âmbito das investigações que sequer foram colocadas em campo.

Nesta quinta-feira (29), a CPI aprovou a convocação de três ex-ministros da Saúde – Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello –, do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres. Todos prestarão esclarecimentos sobre a crise sanitária na condição de testemunhas.

De acordo com o calendário definido pela CPI, Mandetta e Teich serão ouvidos pelos senadores na próxima terça-feira (4); Pazuello, na quarta (5); Queiroga e Barra Torres, na quinta (6). O fato de a comissão optado pelo depoimento isolado de Eduardo Pazuello mostra que o resultado tem tudo para ser desastroso para o governo. A depender do conteúdo das declarações, o general da ativa poder passar à condição de investigado muito antes do que imaginam os palacianos.

Em algum momento Pazuello será alvo de investigações, pois afinal sua passagem pelo Ministério da Saúde foi desastrosa e marcada por uma inaceitável subserviência ao presidente da República, que dava as ordens no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus.

A gestão do então ministro-general conviveu com recordes sucessivos no número de mortes por Covid-19, disparada de infecções pelo SARS-CoV-2 e o colapso do sistema de saúde em Manaus. O ex-ministro – do “um manda, o outro obedece” – terá de esmiuçar questões relacionadas à aquisição de vacinas, indicação de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente e a falta de oxigênio nos hospitais da capital do Amazonas, o que levou dezenas de pacientes a morrerem por asfixia.

 
O estrago para o governo na próxima semana seria ainda maior caso a CPI tivesse aprovado a convocação de Fábio Wajngarten, ex-assessor do presidente da República. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), estava decidido a aprovar a convocação de Wajngarten, mas os governistas pediram tempo para avaliar o plano de trabalho da comissão e das audiências, que por questões óbvias passam longe da unanimidade.

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), definiu que na próxima semana, após as audiências, serão votados requerimentos de convocação, entre os quais o de Fábio Wajngarten, que em entrevista à revista Veja tentou blindar Bolsonaro, mas acabou complicando o antigo chefe.

À publicação, Wajngarten disse que houve incompetência por parte do Ministério da Saúde durante as negociações para aquisição das vacinas da Pfizer contra Covid-19, ofertada ao governo brasileiro em agosto de 2020, mas recusada pelo presidente Jair Bolsonaro com justificativas absurdas.

A sessão da CPI foi palco de acaloradas discussões deflagradas pelos governistas, que a todo custo tentam constranger o relator Renan Calheiros, político experiente e que sabe como lidar com tropa de choque. Ao final das idas e vindas no campo do bate-boca, Calheiros, acusado por pelos governistas de estar com medo de aprovar requerimentos de informações, rebateu afirmando: “Eu não estou com medo. Com medo está quem não quer que a comissão prossiga”.

Há alguns dias, antes da instalação efetiva da Comissão Parlamentar de Inquérito, Renan Calheiros disse que a CPI serviria para o MDB dar o troco no governo por causa da última eleição para a presidência do Senado. Capítulos escaldantes virão pela frente!

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