(*) Gisele Leite
O festival de negacionismo e de informações distorcidas chegaram até a ONU. Ainda bem que com a Covid-19 do Ministro da Saúde cessou a participação brasileira na Assembleia da ONU, em Nova York. O atual Presidente da República nos envergonha e discursou para sua claque do cercadinho.
Aguardava-se diante de sua última Carta à Nação pelo menos moderação e alguma simpatia. Porém, fez uma aposta cega na radicalização e chegou a defender a inclusão da defesa da cloroquina e, ainda, da suposta ameaça do socialismo, obsessões tão peculiares que passam até ser risíveis.
Internacionalmente houve crítica ao discurso do Brasil apresentado principalmente em razão do ostensivo negacionismo em relação à pandemia e as crescentes agressões ao meio ambiente.
Até o Ministro da Saúde, em Nova York, que antes aparentava ser sujeito equilibrado diante dos brados dos opositores à Bolsonaro dentro da van passou a ostentar o dedo médio em comportamento totalmente impróprio ao cargo e a ocasião… Mal comportamento é tão infectocontagioso como a Covid-19….
A hiperradicalização é fenômeno sociológico percebido em todo mundo, mas aqui está mais aguerrido, enfim, trata-se do empoderamento do homem médio, de viés conservador e que jamais se sentiu visibilizado pela grande política.
Enquanto isso, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes manteve a ordem de prisão do militante bolsonariano Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como Zé Trovão, que se encontra foragido no México, mas liberou o jornalista Oswaldo Eustáquio. Questiona-se quem subsidia financeiramente Zé do Trovão no México, ou mesmo sua fuga. Ambos tiveram suas prisões decretadas em razão dos atos violentes de Sete de Setembro.
Prosseguem a coleta de depoimentos na CPI da Pandemia, como o de Wagner Rosário e ainda do diretor-executivo Pedro Benedito Batista Junior (Prevent Senior), que confirmou que a operadora orientou os médicos a modificarem o CID (Código Internacional de Doenças) da Covid-19 após o período de internação. Enfim, confessou uma irregularidade grave e, assim, galgou a promoção de testemunha para investigado por aquela CPI. Um fato alarmante nos intriga: como depois de tantas irregularidades confessas, como pode a tal Administradora de Plano de Saúde pode continuar a funcionar como se nada tivesse havido? Quem protegerá os consumidores, as leis e, principalmente, a proteção da saúde no Brasil?
Bem diferente do cenário descrito pelo discurso presidencial na ONU vivenciamos uma série crise sanitária regada em forte desgoverno e rupturas institucionais. A inflação galopante ainda agrava o cenário e a grande margem de desemprego arremessa o país num profundo abismo. Preocupante, principalmente, pois vivenciamos 2021 com olhos voltados somente para as eleições de 2022. Tudo é palanque e, nada é real ou sério. Rezemos.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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