(*) Gisele Leite
Eis que somos surpreendidos pela morte de Arnaldo Jabor aos 81 anos em São Paulo. Já estava internado desde dezembro do ano passado, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Era cineasta, roteirista, diretor de cinema e de TV, produtor cinematográfico, dramaturgo, crítico e jornalista.
Ao final da década de 90, com a extinção do fomento estatal para produção do cinema brasileiro no governo Collor, Jabor teve que procurar novos rumos e encontrou na imprensa um meio de sobrevivência. Foi colunista de jornais famosos e, sempre com sua sinceridade ácida e ironia certeira, conseguia nos fazer refletir sobre esse país chamado Brasil.
Abordava diversos temas e suas intervenções corajosas renderam tanto admiradores como críticos. Em 2011, no Jornal “O Sul” escreveu em sua coluna “A paranoia está batendo”, ao comentar que iPhones e outros celulares modernos lhe deixam com sentimento de solidão, por escrever para alguém que nem sabemos onde está.
Driblou com genialidade a censura e os tempos de chumbo. E ganhou o “Urso de Prata”, no Festival de Berlim em 1973, com o filme “Toda a Nudez Será Castigada”, uma adaptação de peça homônima de Nelson Rodrigues.
É uma tristeza tão grande, que só podemos nos despedir em francês, porque assim fica suave, mas jamais nos deixará totalmente pelo significado de seu legado.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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