Bolsonaro disse “eu boto a minha cara no fogo” por Milton Ribeiro; ministro demitido e presidente queimado

 
Em 6 de dezembro de 2021, ao conversar com apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ser impossível garantir que não há casos de corrupção no governo.

“Não vou dizer que meu governo não tem corrupção porque a gente não sabe o que acontece. Se tiver qualquer problema no meu governo, a gente vai investigar. Eu não posso dar conta de mais de 20 mil servidores comissionados, mais ministérios com 300 mil funcionários. A grande maioria são pessoas honestas?”, declarou.

Na última quarta-feira (23), durante evento oficial no Ceará, Bolsonaro mudou o discurso e, repetindo o que afirmou em ocasiões anteriores, comemorou o fato de após três anos e três meses não haver um só caso de corrupção no governo.

“Quando se fala em corrupção, nós temos o que falar: são três anos e três meses sem qualquer denúncia em nossos ministérios. Tentam de toda maneira nos igualar a quem nos antecedeu, mas não conseguirão. Porque é um governo que, acima de tudo, tem respeito pela sua população”, declarou.

“Vim mostrar para vocês que não era difícil a transposição do São Francisco. Se vocês lembram quem administrou o Brasil entre 2003 e 2015, vocês sabem quem esteve na presidência da República nessa época”. “O endividamento da Petrobras e do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] por desvios, roubalheira, por projetos malfeitos e por empréstimos a outros países que não pagaram essa conta representa o montante dessa conta. Representa R$ 1,4 trilhão. Isso dá para fazer cem transposições do rio São Francisco”, acrescentou.

A declaração foi feita após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar esquema de corrupção envolvendo o Ministério da Educação e pastores evangélicos, amigos do presidente da República, que cobravam propina (em ouro e em espécie) para liberar recursos do Fundo Nacional de Educação (FNDE).

 
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Na ocasião, o jornal “Folha de S.Paulo” já havia divulgado áudio em que Milton Ribeiro afirma que priorizava, por determinação de Bolsonaro, os pedidos de liberação de recursos apresentados pelos atores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura.

Na noite de quinta-feira (24), durante a transmissão de sua enfadonha live semanal, o presidente voltou a defender o agora ex-ministro Milton Ribeiro, dizendo que seu outrora colaborador era “alvo de covardia”. O chefe do Executivo federal foi além e disse ser capaz de “botar a cara no fogo” por Ribeiro.

Primeiro Bolsonaro afirma ser impossível dizer que não há casos de corrupção no governo. Depois exalta fato de até agora não ter ocorrido um só caso de corrupção no governo. Na sequência, o presidente usou uma metáfora para demonstrar sua confiança em Milton Ribeiro. Nesta segunda-feira (28), Ribeiro pediu demissão do cargo, pois não há como negar o inegável.

Bolsonaro foi aconselhado a aceitar o pedido de demissão, pois se Milton Ribeiro se ver obrigado a falar a verdade ao longo das investigações, a situação do presidente da República ficará ainda mais difícil. Até porque, Ribeiro não poderá negar perante as autoridades o conteúdo da gravação em que ele diz que se trata de “um pedido especial do presidente da República”.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Milton Ribeiro em conversa com prefeitos e outros dois pastores evangélicos.

Casos de corrupção no governo há vários, sendo que apenas alguns vieram à tona, principalmente porque Jair Bolsonaro age nos bastidores para evitar o pior. Aliás, é importante lembrar que o Centrão não aluga apoio político ao presidente Bolsonaro por mera benemerência. Quem for a fundo no setor de mineração descobrirá a ponta do novelo criminoso para o qual alertamos há anos. Basta querer. E o governo cai!

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