Temendo não ser reeleito, Bolsonaro recorre a ciranda de soluções pífias para afastar crise da campanha

 
Cada vez mais preocupado com um projeto de reeleição que desidrata com o passar dos dias e na esteira de grave crise política e econômica, o presidente Jair Bolsonaro tem buscado uma solução que permita reverter o quadro.

Para estancar os reflexos da crise econômica, Bolsonaro enganou a opinião pública ao trocar sucessivamente o presidente da Petrobras, como se esse movimento permitisse reduzir os preços dos combustíveis. Sem sucesso, o presidente da República movimentou a base aliada no Congresso Nacional para aprovar projeto que limita o ICMS incidente sobre os combustíveis. No caso, o teto é de 17% em todo o País.

Sem que essa investida tivesse produzido os resultados esperados, até porque o tema é de competência dos Estados, não da União, o governo decidiu dobrar o valor do “auxílio gás”, atualmente fixado em R$ 53, e criar um auxílio para os caminhoneiros autônomos, o “vale-diesel”, no valor de R$ 400.

Como noticiamos em matéria anterior, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, considerou a proposta “deboche” e “esmola”. Diante da repercussão negativa, Bolsonaro acionou a equipe econômica para aumentar o benefício, agora no valor de R$ 1 mil, válido até o final de dezembro.

Após o anúncio do “PIX caminhoneiro” de R$ 1 mil, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas no Congresso, deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), disse que “nem R$ 5 mil resolvem”.

O parlamentar gaúcho defende a suspensão da política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional, que leva em conta a variação do dólar e o preço do barril de petróleo.

“Caminhoneiro não quer assistencialismo para ficar refém de político que a qualquer momento pode fazer chantagem eleitoral! Quer política sustentável para administrar seu negócio sem interferência estatal!”, afirmou Crispim, em nota.

 
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. Decidido a transferir o custo da campanha aos brasileiros, Bolsonaro acena com “vale-diesel” de R$ 1 mil

Sob avaliação do Senado, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) estabelece a reserva de até R$ 29,6 bilhões para compensar os governos estaduais que zerarem a alíquota do ICMS sobre diesel e gás até o fim do ano.

Com a resistência de governadores e secretários de Fazenda, o governo Bolsonaro agora avalia aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600.

Tomando por base que ao menos 650 mil caminhoneiros fariam jus ao benefício proposto pelo governo, o “vale-diesel’ custaria aos cofres públicos R$ 3,9 bilhões ao longo dos próximos seis meses.

Em relação ao Auxílio Brasil, o incremento de R$ 200 corresponde a R$ 3,64 bilhões mensais, já que 18,2 milhões de famílias recebem o benefício. Se o aumento for pago nos próximos seis meses, o custo total da proposta será de R$ 21,84 bilhões.

Em segundo lugar nas pesquisas e eleitorais e perdendo espaço para manobras que consiga reverter esse cenário, Bolsonaro quer transferir ao contribuinte brasileiro uma conta de aproximadamente R$ 26 bilhões pelo fato de que seu projeto de reeleição derrete à sombra da crise econômica.

O UCHO.INFO reconhece que a crise econômica, que afeta vários países, tem comprometido a sobrevivência das famílias brasileiras, mas as medidas propostas pelo governo tornarão ainda pior a situação fiscal do País, afastando investimentos, principalmente estrangeiros.

Jair Bolsonaro, que tanto invoca o nome de Deus em vão, deveria ter um lapso de humildade e reconhecer que seu governo fracassou, mesmo considerando os efeitos negativos produzidos pela pandemia do novo coronavírus e pela guerra na Ucrânia, que o presidente da República evita criticar. Ato contínuo, o chefe do Executivo poderia se imbuir de coragem e demitir Paulo Guedes, o ainda ministro da Economia.


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