Real Madrid denuncia árbitro por omitir em súmula ofensas racistas sofridas por Vinicius Júnior

 
O atacante brasileiro Vinicius Júnior continua sendo vítima da intolerância criminosa dos torcedores espanhóis, que se valem de ofensas racistas para atacar o jogador do Real Madrid.

O clube madrilenho denunciou o árbitro Martínez Munuera por omissão diante das ofensas da torcida do Osasuna contra Vinicius Junior no entre as duas equipes, no último sábado (16). A direção do Real Madrid afirma que o juiz atuou de forma deliberada ao não relatar na súmula da partida os vários insultos recebidos pelo atacante.

“Nosso clube apresentou queixa ao Comitê Disciplinar da Real Federação Espanhola de Futebol contra o árbitro Juan Martínez Munuera, em decorrência da negligência na elaboração do relatório do árbitro. Este árbitro omitiu voluntária e deliberadamente os insultos e gritos humilhantes repetidamente dirigidos ao nosso jogador Vinicius Junior, apesar de ter sido avisado insistentemente pelos nossos jogadores no mesmo momento em que ocorriam”, destaca o comunicado do Real Madrid.

A emissora “GOL Television” exibiu, nesta segunda-feira (18), um vídeo com os vários insultos contra Vinicius Júnior durante a partida. Em determinado momento, o Vini reage às ofensas, coloca a mão no ouvido e pede para que a torcida adversária continue a insultá-lo. Nas imagens registradas pelo emissora, a torcida do Osasuna grita:
“Vinicius, morra! Vinicius, morra!”.

Em outro trecho, os torcedores locais gritam “tonto, tonto” para Vinicius. O brasileiro recebeu um cartão amarelo no fim do primeiro tempo da partida, ao reclamar de decisão do árbitro Martínez Munuera. Na saída de campo para o intervalo, o atacante dirigiu-se à câmera de transmissão para reclamar do árbitro.


 
No comunicado, o Real Madrid reitera que levou a denúncia à Comissão Permanente contra Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância, órgão vinculado ao Ministério do Esporte espanhol.

O clube também informou que apresentou queixa à Procuradoria-Geral do Estado, incluindo os insultos contra Vinicius no clássico com o FC Barcelona, em outubro do ano passado, e da torcida do Atlético de Madrid, em jogo da Champions League, quando o brasileiro sequer atuou.

Itamaraty se manifesta

Na última quinta-feira (14), o Itamaraty se posicionou após novo caso de racismo sofrido pelo brasileiro Vinicius Júnior. Antes da partida entre Atletico de Madrid e Inter de Milão, pela Champions League, o jogador foi chamado de “chipanzé” por um grupo de torcedores no lado de fora do Estádio Cívitas Metropolitano, na capital espanhola. O Atletico é rival do Real.

“O governo brasileiro registra, com tristeza e indignação, a ocorrência de novas manifestações racistas contra o jogador brasileiro Vinicius Júnior, por parte de torcedores do Atlético de Madri, ontem, 13/3, nas imediações do estádio Metropolitano, ao final de partida da Copa dos Campeões da Europa que sequer envolvia o atleta e sua equipe, o Real Madri”, registrou o governo brasileiro em nota.

“Vinicius Júnior é um atleta exemplar, e não está sozinho na sua corajosa luta contra o racismo. O governo brasileiro reiterará às autoridades governamentais e esportivas espanholas sua preocupação com os reiterados ataques racistas ao atleta. E cobrará também providências da UEFA, organizadora do torneio no qual as manifestações racistas ocorreram. Enquanto não houver sanções penais e esportivas à altura, os racistas continuarão a agir e nenhuma campanha contra o racismo trará resultados efetivos”, reforçou o Itamaraty.

O jogador usou as redes sociais para pressionar a Uefa para que puna os torcedores do Atletico de Madrid, uma vez que a entidade não toma medidas adequadas para combater o racismo. “Espero que vocês já tenham pensado na punição deles, @ChampionsLeague e @UEFA. É uma triste realidade que passa até nos jogos que eu não estou presente!”, escreveu Vini na rede social X (antigo Twitter).


 
CBF reage

O presidente da CBF repudiou mais um episódio de racismo sofrido por Vinicius Junior. “Todo o meu apoio ao Vinicius. Sei que o preconceito atinge a alma. Por isso, vou continuar lutando para punir e retirar os racistas dos estádios. A CBF foi a primeira entidade nacional a incluir penas esportivas contra o racismo e segue na luta sem trégua contra o preconceito”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

“O combate ao racismo no futebol é uma das minhas missões também no Conselho da Fifa. Nesta quinta-feira, a Fifa informou que fará um manifesto global contra o racismo em maio. O anúncio será no Congresso da entidade com a participação das 211 filiadas. Vinícius, siga fazendo gols, driblando os adversários e encarando os racistas. O futebol brasileiro está ao seu lado, enfrentando os preconceituosos”, completou.

Desde 2023, Ednaldo Rodrigues integra o órgão executivo da FIFA. A CBF é pioneira na luta contra o racismo no futebol. A Confederação foi a primeira a incluir punições esportivas aos clubes em casos de preconceito.

Neste mês, a Seleção fará um amistoso contra a Espanha, em Madri, intitulado “Uma só Pele, Uma só Identidade”. O jogo será no dia 26, no Santiago Bernabéu. O conceito é mais uma iniciativa da CBF de combate ao racismo. No ano passado, o Brasil jogou, pela primeira vez, de uniforme preto em solidariedade ao jogador.


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