(*) Lêda Lacerda
Após os cinquenta anos, você não aguenta mais as restrições.
Você não suporta o sutiã muito apertado, os jantares, os saltos altos nas pedras e os sorrisos das circunstâncias….
Aos cinquenta você não quer mais provar.
Você é quem você é, as coisas que você fez e as coisas que você ainda quer fazer.
Se estiver tudo bem com os outros, tudo bem. Caso contrário, é assim mesmo.
Após os cinquenta, não importa se você teve filhos ou não.
Você ainda será a mãe: de sua mãe, de seu pai, de uma tia deixada sozinha, de seu cachorro ou de um gato careca que você pegou na rua. E se tudo isso não estiver lá, você será sua própria mãe.
Porque ao longo dos anos você terá aprendido a cuidar de um corpo que finalmente ama, em que ele se torna cada vez mais imperfeito apenas aos olhos dos outros.
Quem se importa se metade do armário é do tamanho errado.
O importante é que suas costas não rangem muito ao se levantar, que ao tocar seus seios não sinta bolas e que a menstruação finalmente se torne um problema para os outros.
Após os cinquenta você quer liberdade.
Livre para dizer não, livre para ficar de pijama todo o domingo, livre para se sentir bonita por si mesma e não pelos outros.
Livre para andar sozinha: quem te ama acompanhará você, quem se importa com os outros.
Você não terá mais registros de aulas para verificar ou bate-papos de mães para suportar.
Você terá sonhos como em seus vinte anos e pedirá a cada deus tempo para realizar mais.
Você terá se despido pelos homens que amou e pelas inseguranças que a fizeram tremer.
E agora, justo agora que você comeu metade de sua vida em grandes mordidas e com pressa, você encontrará o desejo de saborear lentamente todo o açúcar e sal dos dias à sua frente.
(*) Lêda Lacerda – paulistana, estudou no Colégio Rio Branco e formou-se em enfermagem pela USP. Sempre se interessou por moda e nas horas vagas por escrever sobre experiências de vida. Anos mais tarde, ingressou profissionalmente no universo da moda, tendo também se dedicado à formação de modelos e atores. A paixão pela escrita permanece até hoje, hobby que usa para traduzir em letras a emoção e o amor que marcam seu cotidiano.
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