Tudo combinado – Durante duas décadas, o messiânico Luiz Inácio da Silva foi um gazeteiro contumaz. Oposicionista ferrenho, Lula empunhou a bandeira dos trabalhadores, o que lhe conferiu o rótulo de mais importante líder sindical da história brasileira. Após chegar ao poder central no rastro dessa suposta liderança, o ex-metalúrgico passou a utilizar o torno oficial para usinar a mentira que marcou sua passagem pelo Palácio do Planalto.
Com o passar do tempo, Lula deixou de lado os discursos em prol dos trabalhadores para se aliar aos banqueiros, os quais, à base de muito dinheiro, transformaram um oposicionista eleitoralmente fracassado em um situacionista obtuso eleito. Foi assim que o ex-presidente começou a dar os primeiros passos para se distanciar da classe trabalhadora. No afã de garantir a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, o petista fez promessas mentirosas aos trabalhadores.
Para escapar de uma avalanche de críticas, Lula deixou para as últimas horas de sua estada no poder a edição da Medida Provisória que concedeu ao salário mínimo um aumento vergonhoso e aquém do necessário. Dilma, a pupila de “nosso guia”, resolveu aumentar em R$ 5 o vergonhoso mínimo, que pode, dependendo do Congresso, passar a valer R$ 545.
No vácuo da falta de acordo entre as centrais sindicais e o governo federal, Lula aproveitou os holofotes do 11º Fórum Social Mundial, no Senegal, para disparar sua insana verborragia contra os sindicalistas, que não têm poupado críticas a Dilma Rousseff. “O que não pode é os nossos companheiros sindicalistas, a cada momento, quererem mudar a regra do jogo”, declarou Luiz Inácio da Silva, em Dakar.
Deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva é um dos indignados com o comportamento do outrora companheiro Lula. Não entendo a reação do presidente. Estamos defendendo o legado do governo dele e o compromisso que ele assumiu, ao lado de Dilma, no segundo turno, com as centrais”, afirmou o inconformado Paulinho da Força.
Para piorar a situação de Lula, nos últimos doze meses a inflação registrou alta de 5,99%. O que faz com que o aumento concedido ao salário mínimo seja insuficiente para conter a corrosão provocada pela inflação.
Acontece que a fala de Lula contra as centrais sindicais é uma farsa combinada entre o ex-presidente e a estreante Dilma Rousseff, que por medo ou incompetência tem evitado tratar do assunto em público. E por conta disso transferiu a responsabilidade pelos ataques aos sindicalistas apara o seu mentor eleitoral.
O Brasil que se prepare, pois a tendência é que Dilma fique encastelada no Palácio do Planalto, enquanto Lula, embalado por índices mentirosos de aprovação popular, assuma a tarefa de defender o indefensável.